sábado, 10 de setembro de 2011

O VALE DO NILO

LUXOR

O Vale do Nilo foi o segundo destino nosso nessa última viagem. Contudo acho a mais difícil de relatar, porque há muitos templos e confesso que as imagens se embaralham na minha cabeça. Tenho muitas fotos, algumas anotações, mas os templos são parecidos e em face do tempo decorrido as impressões de detalhes vão se apagando da memória. Espero ser o mais fiel possível. Então vamos lá:
Deixamos o Cairo numa ensolarada (redundante, foi só pra enfatizar),  manhã de  junho. Acho até que era um domingo, mas como os muçulmanos  não guardam o domingo acaba passando desapercebido para a gente também. Fica combinado que era um dia como os outros. Pra quem viaja o melhor são os dias úteis porque as lojas estão abertas, não há restrições em restaurantes, as ruas centrais não estão vazias.. Os lugares ficam mais alegres, mais agitados,  com mais vida.Voltando.... O nosso guia escolheu um percurso simpático até o aeroporto, pelas ruas de Heliópolis, o bairro elegante do Cairo. Aqui há alguns sinais de trânsito e avenidas largas com canteiros centrais na separação das pistas, além de faixas para pedestres (progressão!). Ali há muitas casas bonitas e não se parece em nada com o centro da cidade tão empobrecida e cinzenta ou cor de tijolo (muitas casas os expõem, assim sem caiação). A região do aeroporto está sofrendo reformas drásticas  e parece que vão surgir  grandes áreas ajardinadas. Tomara.
O ingresso na área do aeroporto (como todos os locais turísticos ou prédios públicos por lá) é precedido de muitas medidas de segurança,com detectores de metais e policiamento ostensivo. Se desconfiarem do passageiro, ali mesmo nos portais de entrada dos carros eles fazem revista, olham o interior do veículo.
Feito o checkin nos encaminhamos para a sala de embarque e aí aparece um outro Cairo, elegante, bonito e confortável.
A Cia que faz o trajeto Cairo - Luxor é a Air Egypt.
O voo durou cerca de 1 hora e 20´ cruzando 670 km de deserto até Luxor, região sudeste do Egito. Do alto se podia ver a vastidão do Sahara, com sua inconfundível coloração. Vez por outra o avião bordejava o Nilo, e aí o quadro se pintava de verde ou verde escuro das águas, mas depois voltava a visão das ondulações naquele mar de areia e pedras.  Aqui e acolá riscos grafites indicavam estradas de rodagem ou estradas de ferro cortando valentemente aquela imensa solidão róseo amarelada.
O Aerorporto Internacional de Luxor também é uma bela surpresa, embora pequeno. Luxor é um lugar muito visitado, com voos charter vindo diretamente de todas as partes da Europa, impondo-se assim que sua porta de entrada, de fato, seja convidativa.
Como havíamos contratado os serviços de uma operadora em todos os países, aqui também fomos recebidos pelo incansável Saladino. Logo nos levou ao barco, onde nos alojaríamos.  A cidade de Luxor é arrumadinha, bem mais simpática que o Cairo. A população cuida da imagem do lugar, mantendo alamedas floridas com flamboyants, primaveras (bougainvilles) e outra flores e trepadeiras nossas conhecidas. Na foto o cais do porto. Os barcos como se vê não são transatlânticos. Existem dezenas deles, todos parados no cais por falta de passageiros, o que só ocorreu após as rebeliões internas, para varrer do poder a ditadura que se intalara no Egito por 30 anos (Não conversamos com nenhum egípcio que fosse a favor da ditadura. Eles estavam muito empolgados com os novos ventos que sopravam sobre o país).

O nosso barco era da rede Sonesta, uma referência de bons serviços. Parece que os proprietários são americanos, com muita experiência em hotelaria.Abaixo a entrada principal do barco.

Todas as instalações lembravam o Oriente Express: o saguão de recepção, as salas e salões, a sala de refeições e sobretudo os apartamentos, com paredes forradas de tecidos de seda e móveis de época.

KARNAK
Após nos instarmos realizamos  nosso primeiro passeio pelos templos da região. Primeiro o "huge" templo de Karnak.


Na verdade são vários templos que compõem o conjunto dedicados à tríade Tebana Amon, Mut e Konshu. O templo é fantástico.  Eu já o conhecia  de livros de história  desde meus bancos escolares e me senti tão familiarizada, como se estivesse revendo um velho amigo. Eu sempre fui uma apaixonada pelo Egito, (antigas civilizações) e o meu grande sonho era conhecer  tudo isto. Meu livro de cabeceira na adolescência era ..E o Nilo continua..., da benemérita Carmen Anes Dias Prudente (esposa do famoso Antonio Prudente que fundou o Hospital do Câncer em São Paulo). Mesmo assim eu não deixei de me extasiar ao apreciar  estas obras  fenomenais. Falar em Karnak, de Luxor (antiga Tebas) é falar das colunas imensas, esculturas e pinturas tão preservadas  como se tivessem sido feitas  ainda neste século.

 Para visitar este templo fomos de carro, que ficou estacionado a poucos passos do pórtico (Os pilonos). Caminhamos em  direção às imensas colunas em forma de flor de lótus tendo ao fundo o colosso de Ramsés, que é  outra enorme estátua de granito do faraó Ramsés II tendo aos pés uma de suas filhas. Ultrapassada essa imagem chega-se ao grande salão com hipostilo. As  colunas são ainda maiores e mais imponentes. Há desenhos esculpidos em todas as paredes e ainda são incrivelmente visíveis e identificáveis. Há cenas de caça, oferendas aos deuses,  cenas do cotidiano, plantas e animais. Todo o complexo tem cerca de 400.000 m2. E paralelo às estruturas dos templos  há um grande pátio onde se  encontra o lago sagrado

 tendo  a direita e ao fundo,   a escultura de um grande escaravelho. O escaravelho não é nada mais nada menos do que o nosso simpático rolabosta. Para os Egípcios o animalzinho era sagrado. Essa antiga civilização sabia das coisas, que incrível. O rola b.. é um bicho ecologicamente correto (diríamos), leia mais sobre ele e sua função no reino animal, que não posso perder tempo com isto agora. Nesse momumento os turistas que ali chegam tem que dar três voltas ao seu redor, que é para atrair sorte (fertilidade ou dinheiro, conforme o sentido horário ou anti-horário que escolher). Todos embarcam nesta grande brincadeira e as vezes é ridículo e risível mas eu por via das dúvidas fiz a minha parte. Não sou eu que vou duvidar de crenças tão antigas.

Esse complexo foi sendo construído com o correr do tempo, em várias  dinastias e as informações são de que levou cerca de 2000 anos. Cada faraó acrescentava alguma coisa de seu e ou destruía a do seu antecessor. Os templos estão relacionados sobretudo a Tutmósis III, Amenófis III e Ramsés II que mandou erigir a grande sala do hipostilo com suas gigantescas 134 colunas .  





O templo de Luxor
 Bem, como eu falei inicialmente há vários templos, alamedas de  esfinges, obeliscos, capelas, incrustações de simbolos nas paredes contando guerras  , rituais religiosos, colunas com capitéis em forma de papiro e em forma de flor de lotus. Há muito o que ver, o que apreciar. As histórias são contadas pelos guias, mas são tantas as informações que no meu caso eu resolvi ouvir tudo sobre Amenhotep, Tutmósis, Tutankamon, Hatsepshut, Ramsés sem compromisso de armazenar tantas informações. Sorry....

O templo de Luxor situa-se  mais no centro da cidade, proximo às margens do Nilo. A vista noturna dele é gloriosa porque as luzes amareladas lhe conferem um encanto especial.
Foi mandado edificar por Amenhotep III, mas teve importantes acréscimos feitos por Ramsés II, dentre os quais os pilonos e dois obeliscos de granito rosa (um dos quais presenteado à França e se encontra no coração de Paris, na Place de la Concorde). Na minha humilde opinião um absurdo, pois se trata de patrimônio do povo Egípcio. Mas convenhamos que ficou lindo na Cidade Luz e o mundo já não pode sobreviver sem aquela composição (Arco do Triunfo, Champs Elisées, Place de la Concorde, etc..)
Na grandiosa entrada do templo ainda temos uma das estátuas de Ramsés, enorme como tudo ali.
Também na entrada dos templos interiores vê-se outras estátuas de Ramsés. Nos pátios diante do templo dedicado ao deus Amon, existem fileiras de colunas, cujos capitéis reproduzem  papiros.
Depois de um dia pleno de emoções e renovados na nossa visão de Egito, voltamos ao navio para os jantares e outras atrações a bordo.
O navio partiu de Lúxor muito cedo (5 da manhã) e quando acordamos para o delicioso café, já estávamos singrando as águas do Rio mais famoso do mundo. Suavemente, quase sem sentir,  o barco se deslocava rumo ao próximo destino: EDFU .


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