quarta-feira, 24 de agosto de 2011

UM OLHAR SOBRE O DESERTO


MASSADA E MAR MORTO

Era feriado em Israel, o dia da Colheita. Trata-se de dia Santo e tem toda uma implicação com fatos  bíblicos. Tomamos o café da manhã e pudemos apreciar a decoração do hall do hotel, alusiva à data, ornado com frutas, legumes, ovos,  trigo, latões de leite e outros. O quadro de avisos alertava sobre a presença de um camelo, nas suas  dependências, no final da tarde.
A foto acima foi tirada no dia seguinte e já não representa fielmente o que descrevemos acima,
uma vez que alguns produtos que compunham os arranjos foram retirados.
Para a excursão havíamos marcado com a empresa de turismo as 8:00 da manhã. Uns cinco minutos antes descemos e junto à recepção encontramos o extrovertido Sr. Kauffmann nos esperando. Sempre alegre e cordial nos encaminhou a seguir para a Van, que nos conduziria pelo deserto até o Mar Morto, o Kibutz de Ahava e Massada.
Novamente estávamos  sós no veículo, nós e o guia num agradável bate-papo. Contudo a alegria durou pouco. Ele nos levou apenas até o ponto de encontro e lá recolheu  uma leva de turistas ingleses, sul-africanos, australianos, chineses, indonésios etc..A excursão em lingua inglesa, única opção para aquele dia Santo judeu, não nos desagradava. Foi bom para fortalecer o conhecimento do idioma.
O micro-ônibus rumou para o sul  de Jerusalém em direção à região central de Israel e foi passando por aglomerados de moradias de  palestinos, o que nos espantou pela extrema pobreza. As casas são de lata e reverberam os raios solares. Água, apenas a fornecida pelo Estado de Israel, através de carros-pipa. Árvores, nenhuma, sombra nenhuma, plantações idem. Apenas alguns camelos, burricos e cabras.
Passamos também por regiões com segurança reforçada, bem protegidas pelo perigo que apresentam, uma vez que se trata de assentamentos judeus em áreas palestinas, conquistadas  nas últimas  guerras . Há várias barreiras policiais. O local é  montanhoso, mas a medida que vai se afastando de Jerusalém e dos mencionados assentamentos vai-se descendo até a altitude se tornar negativa em relação ao nível do mar. Ou seja , entramos num buraco no sentido centro da terra.  Ao longo da estrada existem as marcações: nível 0, -50, -100 e assim por diante. É o ponto mais baixo do planeta, tendo ao fundo o Mar Morto, que está virando uma poça d'agua e tende a extinguir-se (ironicamente diríamos: a morrer).
Quando a estrada chega junto ao Mar  pode-se ver vários kibutzin, que são verdadeiros oásis, em geral plantados com tamareiras.

 O que não é irrigado,  é deserto. Então cada kibutz é uma mancha verde entre o mar e o deserto ocre. As águas são  de cor muito azul, assim como o céu, então a paisagem é belíssima, por incrível que pareça. Claro que eu não moraria num local tão árido ( se me fosse dada opção, claro), mas é bonito para ser visto, nem que seja uma única vez na vida.
A primeira parada foi no Kibutz de Ahava, onde está instalada uma empresa que produz cosméticos com o sal e as águas do Mar Morto.

 Há cremes para o corpo, para pés e mãos, para homens e mulheres,  sabonetes delicadamente perfumados, lama negra, sais para banho e outros. Abaixo,  foto da estátuas de sal, na entrada da loja, lembrando a destruição de Sodoma e Gomorra, que eram bem próximas dali.

Fiquei encantada com o primeiro contato, assim tão próximo com o Mar Morto.
Mas a paisagem de montanha era de tirar o fôlego. As fotos não retratam  o que se vê  -   nem uma nuvem no céu, cadeia de montanhas, tamareiras e árvores (irrigadas) esporádicas, deserto de areia e pedras. Enche os olhos. Podem acreditar.


Após as aquisições de alguns  produtos em Ahava, partimos para o deserto da Judéia onde se situa Massada. Passamos pelo balneário, onde voltaríamos para a experiência de um banho naquele mar onde não se afunda.
Massada é uma elevação que fica a pouco mais de 400m acima do nível do Mar Morto.Ligeiramente acima do nível dos nossos mares.


No sopé do monte há um grande anfiteatro onde são apresentados espetáculos de óperas. Na sequência há  uma base para recebimento dos turistas, com lojas, restaurante e a estação de teleférico que leva ao topo da elevação. 

É semelhante ao bondinho do Pão de Açúcar, todo envidraçado e corre por um cabo até o plataforma de Massada. A vista é fantástica.

Bem, e o que é Massada? Massada é uma fortificação construída por Herodes, construída por volta do ano VI antes de Cristo. Ainda podem ser vistas por lá ruinas e partes, até bastantes conservadas, das construções daquele complexo.


 Massada foi cenário de um suicídio coletivo, mas há controvérsias. A história é contada em várias versões. Para nós foi dito que uma vez cercados os judeus designaram dez dos seus  homens para matar todas as pessoas. Depois um teria matado os outros e se matado. Duas mulheres e cinco crianças teriam ficado escondidas nas cisternas e contaram o sucedido. O suicídio não é admitido pela religião judaica, razão pela qual não consta das versões oficiais israelitas que tenha sido um suicidio em massa. Consta que quando os romanos chegaram encontraram todos mortos .
O local por ser mais chuvoso que o seu entorno serviu como um agradável SPA para Herodes e sua corte, com muita água, que era colhida em cisternas e descia por gravidade para as casas de banho.

Na beira do penhasco encontram-se ainda visíveis partes da sacada que pertencia à biblioteca.


 O lugar, além de histórico, possui  provas materiais de sua imponência revelada nos aquedutos, casas de banho, sinagoga e outros vestígios encontrados pelos arqueólogos e recuperados para que possam  ser apreciados. Era um  avanço para a época e causa admiração a engenhosidade das obras.
Descendo pelo mesmo teleférico aproveitamos para comprar um mezuzah e outras pequenas encomendas. Depois almoçar. Saindo de Massada rumamos para o balneário onde tomamos banho de mar e passamos a lama negra no corpo. A pele fica realmente uma seda. Brincar nas águas do Mar Morto é como ir a qualquer praia.

 Cadeiras de praia, mesas sombreadas e um salva-vidas para também cuidar do tempo de permanência no mar (até 20 minutos). O mar é muito salgado e um pingo de água no olho arde como pimenta. Existem chuveiros com água doce junto a essa área de descanso. Quanto a flutuar, de fato o corpo não afunda, e a sensação é estranha quando se tenta ficar de pé, porque é uma operação difícil.

No fim da tarde retornamos a Jerusalém . No hotel o camelo pré-anunciado fez um passeio pelo hall, com suas selas coloridas. Um belo e fatigante dia. Mais uma experiência na nossa bagagem.  




quarta-feira, 3 de agosto de 2011

ISRAEL


JERUSALÉM - A TERRA SANTA



Nessa viagem, desde que saimos do Brasil, fizemos oito trechos em aviao: Sao Paulo/Londres – Londres/Cairo – Cairo/Luxor – Luxor/Cairo – Cairo/Amman – Amman/ Tel Aviv – Tel Aviv/Londres – Londres/Sao Paulo. Como veem ficamos experts em aeroportos, alfândegas e  polícias de fronteira. Na Inglaterra, como eu falei em outras postagens, a polícia está ficando cada dia mais exigente, gosta muito de longas entrevistas (boring) , sendo a pessoa jovem ou mais madura. Os paises árabes foram muito cordiais sempre e receberam como se recebe a um turista, que vai deixar divisas para o seu pais, com todas as facilidades. E... VAI ...BRASILEIRO TÁ  PODENDO...MODESTIA ÀS FAVAS...Melhor nos agradar..nos paparicar...Em Israel não  é bem assim. No retorno para Londres chegaram a tirar o meu marido da fila para análise de seu passaporte europeu. O meu verde/amarelo de capinha azul foi carimbado sem maiores problemas. Mesmo assim eu acompanhei meu marido , pois não ia sair de Israel e deixá-lo  a mercê sabe Deus de que e de quem...Fiquei muito brava. Pois isto gera desconforto e constrangimento.
A gente até entende que eles tenham que ter muito cuidado para não correr riscos de atentados, mas brasileiro só é assustador no trânsito, o que não é o caso. O povo normal é bem tranquilo e não gosta de briga. Sobre a outra nacionalidade dele,  a região do qual ele é oriundi - Múrcia, na Espanha -   é pacata também. Bem, deixando meu protesto de lado vamos ao  próximo  episódio: a  viagem a Jerusalém.
Saimos , com dor no coração,  do encantador Reino Iachemita da Jordânia. Achei elegantes aquelas aeronaves da Royal Jordanian Airlines...Tudo vale a pena no pequeno  e progressista pais do Oriente Médio. Ai que saudades de Petra...

Poucos minutos após deixar Amman, Aeroporto Queen Allia, estávamos sobrevoando a cidade de Tel Aviv. Menos de trinta minutos e já estávamos divisando essa progressista cidade de Israel. O avião fez uma longa volta sobre o mar Morto e finalmente   aterrisou no Ben Gurion. Que aeroporto lindo ! Muito vidro, fontes, paineis.
Antes mesmo de pegar as malas já constatámos a presença do  nosso “transfer”. Saimos do aeroporto direto a Jerusalém. A cidade é organizada, limpa e muito  bonita.
Nos hopedamos no Hotel Dan Panorama.

O hotel estava cheio, diferente dos demais em que nos hospedáramos. Para nossa surpresa ficava num ponto bastante favorável, tanto do nosso objetivo maior, o de visitar exaustivamente a Cidade Santa ( a Old Jerusalém - cidade velha) e a rua onde se situam alguns bons  restaurantes. Isto é fundamental.
Confesso que o Hotel, categoria quatro estrêlas, deixou um pouco a desejar. O atendimento na recepção era fraco, lento, quase desinteressado. O serviço de limpeza dos quartos também. O restaurante ..hummmm, melhor não falar...Um dos nossos guias disse  que o hotel estava mudando de dono, razão pela qual estava caindo de qualidade. Lamentável, porque está bem situado e tem uma boa estampa (hoje estou para reclamações). Na verdade o viajante sempre espera mais dos países mais ricos, e como foi o pior serviço que tivemos acho bom divulgar. Afinal  o blog serve para isto. 
Prosseguindo. Feito o check in, tomado um banho rápido fomos caminhando até a grande  Muralha que contorna a velha Jerusalém. Caminhando agradavelmente pelas ruas floridas aparece de repente  a visão da imponente construção.


 PORTA DE JAFFA, o principal ingresso. Subimos as escadarias que levam até a nossa Cidade Sagrada. Ao transpormos os umbrais, Toninho me perguntou: fim de tarde , o movimento começa a cair, para onde iremos? Bem... respondi, deixa a Mão Dele nos levar. E nos levou, vejam onde paramos, sem mapa, sem bússola, sem GPS:

ao Santo Sepulcro. Estava vazio. Nós e ÊLE. Foi uma emoção. Percorremos cada espaço, cada palmo para tentarmos nos localizar na Biblia, na história, no centro da religiosidade.  Na entrada, uma lápide sinaliza o local onde o corpo de Cristo foi deitado após ser retirado da cruz.

 





 À direita a base do Gólgota é vigiada por uma freira que ora num dos cantos. Apenas um vidro mostra como era este sitio à época da condenação e morte de Cristo.

Subindo as escadarias que ficam imediatamente à direita de quem entra na igreja, e acima da sala mencionada está o local oficial onde Cristo foi crucificado. Ali existe uma cruz e abaixo da cruz está exposta igualmente uma parte do  terreno, onde através de um buraco se pode tocar com  a mão a terra nua.
Descendo e seguindo para a esquerda, chega-se ao local do sepultamento. O jazigo é uma capela, em tons rosa seco e encimada por painéis de colorido vivo, com passagens biblicas.  

Penetra-se numa ante-sala estreita e escura, iluminada por velas .

 Finalmente, após prosseguir  por uma estreita e baixa passagem chega-se ao Túmulo. No local cabem poucas pessoas (três ou quatro). A sua vigilância é feita pelos representantes do vários ramos do Cristianismo: ortodoxos gregos, sírios, armênios, coptas e etíopes,  pelos católicos romanos e outros. A igreja troca diariamente de administração, sendo a chave entregue ao segmento escolhido por um muçulmano, conforme tradição. Isto porque os co-irmãos em Cristo não se entendiam no que se refere ao quesito administraçao desse solo sagrado. E está dando certo há centenas de anos. O que prova que poderia dar certo o convívio entre eles também..Por que será que náo se entendem? Parece uma pergunta ingênua diante de tantas implicaçôes históricas e políticas, mas pode ser interpretada como "puxão de orelhas".
Naquele primeiro encontro o túmulo santo estava sendo  cuidado por Ortodoxos Gregos. Voltamos para o hotel, passando com calma pelas lojas convidativas e coloridas  da velha cidade. Alma lavada, restaurada, revigorada.


Um taxi nos levou até um restaurante  pois já era tarde, a noite havia caído e a fome e o cansaço já se manifestavam.
Foi um sono bom, daqueles que descansam o corpo exausto.
Dia seguinte fomos atrás da VIA DOLOROSA .
 Vale ressaltar inicialmente que a cidade antiga (Old Jerusalem) é dividida em quatro bairros (quarters): Armenian Quarter (Bairro Armênio), Christian Quarter (Bairro Cristão), Moslem Quarter (Bairro Muçulmano) e Jewish Quarter (Bairro Judeu).
A Torre de Davi, logo  a direita da Porta de Jaffa, encontra-se no Bairro Armênio. Caminhando nesse mesmo lado, sentido anti horário está o Bairro Judeu junto ao famoso Muro das Lamentações (Western Wall). Prosseguindo temos o Bairro Muçulmano, com a famosa Dome of the Rock, recoberto de ouro. Fechando o circuito e encontrando novamente a  Porta de Jaffa temos o Bairro Cristão onde está o Santo Sepulcro.
Para ir direto rumo ao Santo Sepulcro assim que se passa a Porta de Jaffa anda-se em frente pela King David St, sempre descendo.O caminho é em meio ao labirinto de lojas com todo o tipo de ofertas, desde tapetes e mantas bordadas, a jóias e bijuterias, pequenas lembranças, temperos, comida e bebida.
A Via Dolorosa tem o nome assim mesmo, escrito em latim, igual ao português. Portanto não há dificuldades. Além desta facilidade ainda há boa sinalização. O nosso livro/guia londrino sobre Jerusalém descrevia com clareza os pontos de interesse (pode-se baixar mapas pela internet ou retirar nos hotéis e lojas de informações turísticas). Cada um deles revela surpresas impensadas, capelas, grutas, subterrâneos.

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