quinta-feira, 30 de abril de 2015

BERLIM EM DOIS ATOS, PARTE I

Segurança e rapidez eram nossos objetivos quando reservamos passagens na Germanwings, de Paris para Berlim. Tivemos sorte, pegamos o piloto certo. Saímos pela manhã, e chegamos antes do meio dia. Era  um destino ansiosamente esperado. Eu em particular,  tinha dois grandes sonhos:passar sob os arcos do  Portão de Brandemburgo e ver o meu maestro favorito SIR SIMON RATTLE, da BERLINER PHILHARMONIC. Este preferencialmente àquele, creia! Já com ingresso na mão. 
Desembarcamos no aeroporto Tegel e saímos passeando. Fomos pegar mapas, informações e nos indicaram para tomar o Shuttle até o centro (faça sempre isto se for sem excursão, procure por folders e orientações  sobre a cidade e transportes em geral).  Bem impressionados com o que vimos em Glasgow, com um shuttle porta do aeroporto a porta do hotel, tomamos o ônibus cujas passagens podem ser adquiridas com o motorista ou nas máquinas - ônibus X9, 109, 128). Mas não era bem assim. Lotado de mochileiros ele nos levou até a estação Zoologisher Garten. Tivemos ainda, que fazer baldeação para a linha correta que passasse pela Alexanderplatz, coração da cidade. Ali cruzam várias linhas de metrô e é onde se faz as principais conexões. Foi esse nosso itinerário para chegar ao hotel. Do alojamento não gostamos muito, mas a vantagem é que era muito bem situado, na frente de uma estação de metrô. 
Malas guardadas nos maleiros, pois ainda não era hora do check in,   voltamos para a cidade para dar inicio aos passeios,já que dispúnhamos de apenas quatro pernoites na cidade. Não havia tempo a perder.  
De volta na 

                        ALEXANDERPLATZ


paramos para almoçar. 
Esta moderna praça surgiu dos escombros da Berlim de leste. Pelo jeito ficou um enorme vazio pois a praça é bem grande e não está inteiramente preenchida. Ali encontra-se a não menos gigantesca TORRE DE TV, que do alto dos seu 361 metros, paira soberana acima de todas as outras edificações da cidade. No 207* metro há um restaurante giratório, que permite uma vista completa da cidade. Ali você se situa. É como se estivesse sobrevoando Berlim. A esfera leva 30 minutos para fazer o circuito completo de 360 graus. Para o restaurante faça reservas.
Paramos num restaurante bem simpático no térreo mesmo. A comida era variada e escolhi esse belo prato de salada com camarão. Fui de vinho branco, uma boa pedida na Alemanha e os homens foram de pratos regionais e  mesmo com o frio que fazia, não deixaram de tomar sua cervejinha. Prost!

Eu, apesar de ser bisneta de um dos primeiros cervejeiros alemães que se radicaram em  Santa Catarina, Anton Freyesleben, nunca gostei da loirinha. Mas meu filho mais velho como se dedica nas horas vagas a degustação das mais variadas cervejas, tem achado umas que até são palatáveis (perfumadas com mel, frutas, temperos). 
A praça tem shopping, comidas, supermercado bem farto, com aqueles pães doces e frutas cristalizadas, que são a delícia da confeitaria alemã.Passando por dentro  do Shopping e saindo do outro lado você vai encontrar a parada final dos ônibus de sightseen (tipo hop-on hop-off). Mas cuidado. Se quiser fazer aquele roteiro básico e ir parando nos pontos de interesse veja bem o idioma. Minha irmã e cunhado que falam francês ficaram muito bravos porque num dos verdes que tomamos só se falava inglês. Tivemos que traduzir, mas não é a mesma coisa. Também não sou boa na tradução simultânea. Preciso ouvir primeiro para depois reproduzir. Isto atrapalha bem. 
Caso tenha dificuldades de andar pegue um destes ônibus e vá descendo nas atrações e voltando. Nós resolvemos caminhar, pois nada era tão longe que não desse para irmos apreciando e parando, ao bel prazer.  
Então, depois do almoço saímos andando pela Av. Karl Liebeknecht, e logo paramos para apreciar a Prefeitura Vermelha (tem este nome por causa dos tijolinhos a vista que  recobrem suas paredes) e o Chafariz de Netuno, que com os canteiros a sua volta adornam a praça. O Chafariz data de 1861 e conseguiu ultrapassar digamos ileso, duas grandes guerras. 


Estamos fazendo o caminho inverso ao que costuma estar registrado nos guias. Logo chegaremos à CATEDRAL e à ILHA DOS MUSEUS para depois alcançar a Av. UNTER DEN LINDEN e finalmente o PORTÃO DE BRANDENBURGO, REISCHTAG, TIERGATEN e seus monumentos.
Por esta informação você fica sabendo que nas imediações da Alexanderplatz estão as mais procuradas atrações. 

Comecemos pela

                              CATEDRAL 



É uma igreja protestante Luterana. Foi construída no mesmo terreno onde existiram outras igrejas desde 1745, no estilo neo-barroco. As obras iniciadas em 1893  terminaram em 1905. É consagrada como a igreja do protestantismo prussiano, memorial da família real, Hohenzollern. Um prédio nas dimensões em que foi erigido, não passou impune pela segunda guerra, onde sofreu sérias avarias. Suas obras de restauro começaram cerca de  trinta anos após o fim da guerra. Seu tamanho foi um pouco reduzido com a obra, e sua parte interna também foi simplificada. Mesmo assim é imponente e vale a pena conhecer e procurar pelos detalhes de sua história remota e mais recente. Anjos e profetas gigantes nas fachadas, internamente abóbadas douradas, os mausoléus da família real alemã e os acabamentos internos merecem uma demorada observação. Fala-se que ela seria a equivalente luterana à Igreja de São Pedro em Roma.  
Agora prossiga pelas pontes que se vêm nas vizinhanças e vá até a 

                    ILHA DOS MUSEUS ( Museumsinsel)


Museu Novo de Berlim


 O primeiro dos museus ali assentados foi o MUSEU ANTIGO, ou Altes Museum. O seu arquiteto pensava em torná-lo um modelo para os museus europeus. É o mais completo museu sobre arte antiga e o mais importante museu do mundo sobre Roma e  Grécia, desde o período arcaico até a era helenística. 
Mas o visionário príncipe Frederico Guilherme que depois se tornaria rei sob o título de Frederico Guilherme IV, viu no local a possibilidade de ampliação e construção de um complexo cultural. Então foram adicionadas à Ilha do Rio Spree o MUSEU NOVO (Neues Museum), idealizado em 1841, por Stüler, ficou em ruínas por cerca de 60 anos. Atingido cruelmente pela guerra, sua restauração foi concluída apenas em 2009,  quando voltou a reabrir ao público. São nove mil peças a comporem seu acervo sendo destacada a coleção Egípcia:  papiros,   o busto de Nefertite  (uma belíssima estátua que é mundialmente conhecida) e o Salão Mitológico com um maravilhoso teto na cor azul-cobalto.

O Museu Novo  é ligado ao Museu Antigo por uma passagem e tem à sua frente a estátua equestre do Kaiser Frederico Guilherme e um belo espelho d’água. A ANTIGA GALERIA NACIONAL (Alte Nationalgalerie), foi construída entre 1867 e 1876 sob inspiração dos  templos gregos, assim como muitas outras edificações em Berlim. Compõem  seu acervo pinturas e esculturas  do século XIX.  
Mais tarde, em 1897 foi acrescentado ao conjunto, o  MUSEU BODE, erguido na ponta da ilha. Surgiu como aporte às aquisições realizadas pela Alemanha, durante expedições científicas na Grécia e circunvizinhanças. Não esqueçam que a Alemanha fez um convênio com a Grécia, eles trabalhavam nos sítios arqueológicos e parte dos tesouros iam para esse país do norte Europeu. Lembro-me que quando estive na Grécia, nos idos de 1996, para festejar bodas de prata, os gregos se queixavam muito do pouco trabalho feito pelos cientistas e arqueólogos alemães no país (região de Olímpia e outros sítios na Grécia Continental e insular também) em desproporção ao que lhes teria sido "pago" e que haviam enviado para a Alemanha. Palavras deles.
                  
                           




                         MUSEU PERGAMON

O último e rico museu, que compõe o incrível complexo cultural é o Pergamon. Construído de 1909 a  1930.O Museu  é colossal. Existe nele o altar de Zeus, que parece no momento estar fechado à visitação  para restauro. Este altar foi retirado da área original em Pérgamo, na Grécia Antiga(hoje área pertencente ao território Turco). É tão magnifico que dá o nome ao Museu e o prédio foi desenhado   seguindo o seu modelo. Para esse museu foram transpostos também,   muros e paredes, como o Portão do Mercado de Mileto e a Porta de Ishtar da Babilônia. Na parte dedicada à Cultura Islâmica encontra-se uma amostra da Fachada do Palácio Qasr Mshatta, da Jordânia.
Finalmente está em obras na Ilha de Museus, uma Galeria que servirá como seu portão de entrada. 
Se parou nos museus não vai ter tempo de ver mais nada e sua visita vai se encerrar por aqui. Há muito que descobrir e apreciar nessas cinco casas. Retome o trajeto no dia seguinte, aconselho. 
Desta aprazível área dos museus prossiga pela Unter den Liden até a Pariser Platz, podendo parar num de seus cafés ou restaurantes. Tudo vai depender da hora.
Este complexo de museus da Ilha dos Museus, de muita importância para o mundo,  foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1999. Uma observação:  Antigamente eu ficava perplexa em ver que as riquezas de outros povos estavam atraindo turismo e dinheiro para os ricos países Europeus. Hoje não penso mais assim. Se tais tesouros não estivessem bem preservados em prédios  adaptados para recebê-los, poderiam estar sendo destruídos pelos enfurecidos e fanatizados terroristas disseminados pelo Middle East. Ali todo esse patrimônio está bem guardado e poderá servir de referência e estudos para a nossa e  para as gerações vindouras. Pelo menos por ora penso assim, quem sabe no futuro, quando a paz e a razoabilidade voltarem, eu possa reconsiderar esta opinião. Mas duvido muito que este dia chegue. 
Falemos agora um pouco da 

                     AVENIDA UNTER DEN LINDEN

A Avenida em questão no momento é um canteiro de obras, repletas de guindastes e tapumes. Mas ainda assim pode-se apreciar sua beleza, enquanto está sendo maquiada. Uma longa existência marca a presença da via na vida de Berlin. Começou modestamente como uma trilha para cavalos, que ligava o Castelo Berliner Stadtschloss ao Tiertgarten, desde os idos de 1500. Foi sendo paulatinamente ampliada e adaptada às necessidades de cada novo tempo. Com a Segunda grande Guerra  as casas que a integravam precisaram passar por um processo de reconstrução tal o estado de ruínas em que foram deixadas por bombardeios. A Av. de 1,5 Km estende-se  do Portão de Brandemburgo até a Schlossbrücker (uma ponte que fica na altura em que se situava o Castelo da Cidade). É portanto a passarela por onde transitam pessoas do mundo inteiro para chegar ao icônico monumento.                       
Universidade Humboldt

Ressalte-se que o Castelo, foi dos poucos prédios que restaram de pé no local, porém não escapou da incompreensão do burocrata de plantão,  na Berlim sob o domínio Russo, no rateio de pós guerra. As razões? uma afronta por representar o poderio da realeza prussiana. História que se repete...que lástima!
A despeito de tudo a avenida continua, como uma bela artéria ampla na via carroçável e nos seus canteiros centrais, com repousantes bancos sob a sombra de frondosas  árvores. As tílias, que lhe dão o nome encontram-se hoje mais na região da Pariser Platz.
A avenida está ainda em obras, mas já tem o seu perfil delineado com os imponentes prédios de grande importância para toda a cidade, quer do ponto de vista histórico, quer do ponto de vista cultural para a sua população. É assim o Palácio da Ópera , que no passado era conhecido como o Palácio da Princesa em alusão a uma das filhas da família Hohenzollern (seus proprietários).  Também ali se encontra o Zeughaus (prédio mais antigo, construído entre 1695 e 1706) e hoje é a casa do Museu Histórico Alemão. 
Vizinho da Zeughaus está a Nova Casa da Guarda, que desde 1931 é um memorial às vítimas da guerra. Considerada uma obra prima do arquiteto Karl Schinkel foi construída na época da Primeira Guerra Mundial entre 1916 e 1918. 
Nova Casa da Guarda


Num belo palácio que pertenceu a Heinrich da Prússia está a Universidade Humboldt, fundada em 1810. Na entrada da Universidade há uma estátua em homenagem ao seu fundador.
Estátua a Wilhelm Humbold


Diante da Universidade está localizado ainda,o Forum Fridericianum integrado à Ópera de Berlim, a mais antiga casa de espetáculos do gênero, na cidade. E ao seu lado na Bebelplatz  vários prédios famosos como a Biblioteca Antiga e a Igreja Católica dedicada a St Hedwig (a  primeira a ser  construída após a reforma protestante).
Afora estes,  ali ainda se encontram os prédios que abrigam a embaixada Russa, a Húngara, a Inglesa e outras, além de lojas, hotéis,  restaurantes e o Museu de Cera Mme Tussaud.  Neste local são ainda realizados vários eventos sazonais, como a Berlin Fashion Week, pistas de patinação no gelo e o Natal da Cidade.

PARISER PLATZ E PORTÃO DE BRANDEMBURGO  ou BRANDENBURG TOR

O Portão é a obra mais importante da cidade. Naquele local, no passado já houve confrontos, lutas, mas hoje é só festa. Desde a queda do muro, em 1989, é onde se  concentra o povo para todas as comemorações. A exemplo, a recente conquista da Copa do Mundo, a passagem do Ano Novo, etc... A cidade tinha 14 portões de entrada e hoje é o único que se mantém de pé,  resistindo às guerras  e lutas que aconteceram nas suas imediações (como foi o caso de sangrentas batalhas na Revolução de 1848).  Na sua parte superior encontra-se instalada e já incorporada a ele uma obra denominada atualmente de Deusa da Vitória, antigamente era uma ode à paz. Realizada pelo escultor Shadow, serviu para  homenagear a paz estabelecida  entre França e Alemanha após a guerra entre os dois países, nos primórdios do século XIX. A título de  curiosidade, o carro puxado por quatro cavalos, (denominado de quadriga) foi levado para Paris e só devolvido com o fim da guerra e colocado no seu devido lugar, com a vitória do povo germânico sobre seus opositores. 

Apesar da influência romana da quadriga, o Portal em si lembra uma construção grega, com as pilastras e os frisos,  construídos nos moldes do Partenon. O local onde se encontra é denominado de Pariser Platz, nome que recebeu em homenagem ao acordo de paz com a França.
Um dos famosos vizinhos da Portão é o
                           
                               REISCHTAG.

Iniciada a sua construção em 1884, as obras duraram dez anos.  A sua história recente é repleta de acontecimentos que marcaram o país: foi das suas janelas que se proclamou a República em 1918. Fortemente atingido durante a guerra, perdeu sua cúpula e ficou bastante danificado. Houve consertos  parciais no prédio nos  idos de 60/70, mas a sua restauração ocorreu mesmo  após a derrubada do Muro, com a volta de Berlim como Capital da RFA. Idealizado  pelo arquiteto inglês Sir Norman Foster, foi reinaugurado em  1999.  A cúpula ficou destruída inteiramente e foi repaginada em   vidro, sendo  possível visitá-la. Foi instalada sobre o prédio, recentemente.
Diante do  Reischtag e também do Portão encontra-se o grande parque TIERGARTEN. Entrecortado de rios e lagos, amplamente arborizado, é um dos lugares procurados para o lazer e o descanso. É grande e há vários meios de percorrê-lo sem ser cansando seus já fatigados pezinhos: bicicletas e  carrinhos  elétricos. Há barquinhos para passeios nos lagos. Ainda nas imediações  existem  monumentos aos perseguidos pelo regime nazista, como o MEMORIAL AOS CIGANOS  (um belo espelho d’água leva à reflexão sobre as desnecessárias  e cruéis perseguições a povos não germânicos). Tristonho sob a suave música de fundo.


Cruzando longa e amplamente o parque está a 17 Juni  Strasse. Indo na direção de Potsdam (região oeste da cidade),  numa rotatória da avenida encontra-se a Coluna da Vitória,tendo ao topo uma estátua alada, dourada.

              O CENTRO COMERCIAL DE LUXO – TAUENTZIENSTRASSE



A TAUENTZIENSTRASSE era uma rua de casas elegantes, mas transformou-se num corredor comercial após a construção do  Shopping KADEWE. Pode ser acessado pelo metrô - linha Kurfüstendamm U-1 e U-9 e Wittenbergergplatz U1, U2 e U3.  Nele você encontra as grifes mais famosas do mundo: Burberry, Dior, Chanel, etc.. Na rua ainda se vê as lojas de marca como a Louis Vuitton e a Cartier, além de outras mais populares mas igualmente atrativas como a Mango, Benetton,  HM e Zara.



A rua é muito bonita, ajardinada no seu centro, com fontes e uma escultura monumental, erguida para celebrar os 750 anos da cidade. A 450 metros do KADEWE, junto à Kufürstendamm está a Igreja Memorial do Kaiser Guilherme que subsiste em  ruínas(a Kapute Kirche ou igreja quebrada), como memória da guerra.



 A Igreja foi belíssima, o que dá para ver do que restou dela. A torre tinha inicialmente 113 metros, mas depois dos bombardeios ficou apenas com 68 metros. O seu interior com belos mosaicos no seu teto abobadado é uma jóia.

 Ao lado foi erguida uma igreja supermoderna com uma torre, mas ainda estava em fase de acabamento durante nossa visita. Seus vitrais azuis dão um efeito semelhante ao da linda Igreja de Dom Bosco em Brasília. Pra variar aqui também muitos tapumes de obras e máquinas.
Dali mesmo, saindo para a rua lateral, Ranke ST, escolhemos o Restaurant Ranke 2,  típico de comida alemã, muito aconchegante e charmoso, onde comemos muito e bem. Ah, e bebemos também um bom vinho nacional!
O Eisbein gigante


Na sequência da Tauentzienstrasse localiza-se a Av. Kurfürstendamm,(a partir da Igreja para a direção oposta ao KADEWE). Uma  área nobre, com restaurantes, café, teatros, cinemas, casas de show. 

                       GENDARMENMARKET

Alcança-se esse endereço, através do metrô: linha U6 - Französische St, U2 + U6 - Stadtmitte e U2 - Hausvogteiplatz. 
Foi num dia meio sol meio  nublado que visitamos a GENDARMENMARKET, considerada uma das mais belas praças de Berlim. Aqui não há área verde. A praça é toda calçada.  Os monumentos que a formam é que lhe dão o alto conceito de que goza. Ao seu centro está a Casa de Concertos e de cada um dos lados uma igreja. A da esquerda a Catedral Alemã e a da direita Catedral Francesa. Ali no entorno há simpáticos bares nas calçadas, onde você pode parar para beber uma cerveja, tomar um chá ou deliciar-se com um milk-shake, ou ainda comer alguma coisa ligeira. A grande delícia está no entanto no canto da praça. A famosa chocolateria FAUSSBENDER-RAUCH.
Foto do site www.viajesdiarios.com



Vale a pena  subir no seu segundo andar para fazer um lanche, tomar um chocolate quente. Mas você com certeza não resistirá a  comprar os delicados chocolates de formatos dos mais variados objetos (palácios, relógios, carrinhos..o que você pensar) ou bombons recheados com licor e cremes variados dos melhores e mais refinados sabores.
Esta praça se ilumina no Natal e por ser essa época de frio, também ali se constrói uma pista de patinação no gelo. A sua feira é das mais lindas e todo o cenário ganha um especial encantamento. Lembre-se da tradição que a Alemanha tem nos festejos e decoração natalinos.  
                 
                   PASSEANDO NUM BAIRRO MEDIEVAL ALEMÃO

Se você quiser encontrar a alma da velha Alemanha, vá até o bairro Nikolaivirtel, próximo da Catedral e a Prefeitura Vermelha (Rotes Rathaus).
Destruído pela guerra, foi reerguido  entre 1979 e 1987, nos moldes do bairro originalmente existente. Na formação do novo bairro alguns ícones da Berlim antiga foram ali reconstruídos, sem nunca terem pertencido àquela comunidade. É que seus idealizadores quiseram que aquelas casas ou monumentos voltassem a integrar de algum modo a nova cidade, como parte de uma memória que não podia se perder. Assim foi com o Palácio Efraim, o restaurante Zum Nussbaum, a escultura Drachentöter-Plastik, o Chafariz Bärenzwinger. Muito gostoso andar pelas  ruas e encontrar as belezas da tradicional cultura alemã. 

Termino por ora esta parte da viagem. Verifiquem que eu fiz uma concentração dos locais de visitação, numa sequência ou nas imediações uns dos outros. Por exemplo, a Gendarmenmarket pode ser alcançada saindo-se da Unter Den Linden e ingressando-se na Friedrichstrasse. O bairro Nikolaivirtel nas proximidades da Catedral e museus. Com um mapa na mão não há como se perder e você otimizará seu passeio.   Na próxima postagem falarei sobre o Muro, Potsdam, a Filarmônica, as memórias da guerra e da divisão da cidade. Vai ver que há uma lógica também neste agrupamento de zonas de interesse. 
Auf Wiedersehen!

segunda-feira, 20 de abril de 2015

VOILÀ PARIS



No aeroporto de Lisboa nos esperava para as despedidas a Eugênia, irmã do meu cunhado. Ainda houve tempo de um almoço em sua companhia e falar sobre o Brasil, que ela já conhece de várias viagens que aqui fez. Dissemos a ela: É..., Portugal vai deixar saudades e por isto quem sabe, já podemos planejar a próxima visita.
O vôo no meio da tarde para Orly, levou duas horas, mas pelo fuso horário chegamos a Paris já noite. Não ficamos em hotel. Todo este trajeto a partir da França, as escolhas e reservas ficaram por conta de minha sobrinha. Como minha irmã morou lá por dez anos,  ela alugou um apartamento achando que seria mais familiar para os pais e todos. Achou que ficaríamos mais à vontade. O bairro foi o de  Marais, O apto era amplo com uma agradável vista para a vizinhança. O prédio com telhas de ardósia e amplos janelões. O apartamento tinha um amplo banheiro, sala, mezanino e cozinha bem equipada, inclusive com uma excelente máquina lavadora e secadora de roupas. O único eletrodoméstico que usamos. Afinal não fomos a Paris para perder tempo com trivialidades. 
Na verdade eu prefiro hotel. Todos preferimos, mas valeu pela experiência. Ficamos na vizinhança da  estação do Metrô, fator que favorece  a vida do turista, porque lá muitos dos passeios, senão em sua maioria, faz-se usando este meio ágil de transporte. Diga-se que o Metro  de Paris é dos mais antigos do mundo e  a cidade é muito bem servida de trens, cuja rede é das mais completas e de fácil acesso a qualquer ponto da cidade. O trânsito de superfície , por outro lado não é convidativo. Muito confuso. Já usei carro e não recomendo, a não ser quando se tem  motorista. Aí o problema do trajeto a escolher e do local onde estacionar ou parar passa a ser dele. Já tive esta experiência e foi das mais prazerosas, claro! Conforto é tudo.





 Uma recomendação. Não se irrite com os  parisienses. Eles  parecem estar menos ranzinzas agora. Paris é do mundo, Paris é sua. Paris está mostrando que ser intolerante não traz benefícios. Se é uma cidade turística por excelência seus cidadão tem que se conformar com isto,  afinal eles vivem lá e ganham muitos dos benefícios que o turismo propicia. Têm pois que  aceitar que a cidade é linda, um charme que agrada todas pessoas de diferentes culturas desde tempos imemoriais. Falo isto porque ouço falar de algumas hostilidades, mas na verdade fomos muito bem tratados por todos, principalmente pelo simpático chefe de Estação de Marais, onde circulávamos diariamente. 
Então nos soltemos em Paris e vivamos tudo que ela tem para oferecer.
Mas aviso que não vou falar muito da cidade luz, porque já estou de malas prontas pra lá de novo e pretendo trazer tudo atualizado para você leitor. Aguarde!
Mas nós juntos vamos fazer uma passagem pelos lugares imutáveis,aqueles de visita obrigatória.
É o caso de  
       MONTMARTRE  - ÉGLISE (IGREJA) DE SACRE COEUR DU MONTMARTRE



Chegando de metrô (Anvers - linha 2) você vai andar um pouco até pegar um das ruas que levam à Igreja e à Place des Tertres. Na rua principal fica o famoso Moulin Rouge, mas nas simpáticas  ruelas tranversais,  um farto e alegre comércio  turístico pode lhe interessar. Vendem toda a sorte de objetos e utensílios para  casa e outros souvenires, luvas, gorros, echarpes etc..
Ao chegar ao pé da colina, há várias opções para galgá-la. Vá pelas escadarias, como a maioria, e aproveite para  apreciar as belas vistas, a medida que vai subindo. Mas você pode ir de carro ou ainda utilizar-se do  funicular, numa viagem íngreme e curta. Se  tiver dificuldades de locomoção este é o melhor meio.
Com  sorte, ao chegar à igreja,  poderá assistir ao canto  coral das irmãs do convento, que pela sua delicadeza enchem a nave de sonoridade e magia.Angelical.

Saindo da igreja e caminhando para o seu lado esquerdo e ao fundo, terá acesso à Places de Tertres, onde se encontram os restaurantes com seu toldo vermelho, flores e mesas nas calçadas e os artistas com suas irresistíveis obras no centro da pracinha. Se gosta de obras de arte, sempre dá para garimpar alguma coisa interessante a bom preço.


Dali seguimos para comer no QUARTIER LATIN. Uma parada no meio do dia que vale a pena. É onde se come e se bebe bem e a preços razoáveis. Salut! Descemos em Saint Michel para ir caminhando e apreciando todas aquelas belezas a começar pela própria estação do Metrô.



Procurar um restaurante, onde há muitos charmosos, até se torna uma tarefa árdua, porém minha irmã conhecia um de comida marroquina e francesa e nos levou neste, pois estava saudosa do couscous marroquino que ali  servem muito  fartamente, deferente da maneira francesa de pequenas porções.



Nós nos ativemos aos pratos mais tradicionais, scargots de entrada, confit de canard, como principal, embora o couscous tenha entrado definitivamente no gosto dos franceses e é bem feito e bem saboreado no país Gaulês.
Depois do farto e saboroso repasto fomos caminhar nas imediações, que inclui o Boulevard Saint Michel com suas banquinhas de revistas, venda de selos, etc.. a beira do Rio Sena e na igreja de Notre Dame. 
O dia estava lindo e quente, aproveitamos para tomar um vento às margens do rio e apreciar os "turistas" no Bateau Mouche.

E assim, dia após dia daquela quente semana de setembro fomos visitando os principais monumentos, as obras mais emblemáticas da cidade, como o Arco do Triunfo e o Champs Elisée. Nesta região estão grande parte dos museus, avenidas, prédios e monumentos parisienses que todos que para lá viajam, obrigatoriamente têm que  conhecer. O Arco do Triunfo está colocado magistralmente  numa rótula de onde partem uma série de avenidas famosas, sendo a mais famosa delas e de toda Paris,  a Avenue des Champs Elisées.O Arco do Triunfo foi mandado construir por Napoleão Bonaparte em 1806. Um marco comemorativo das suas vitórias bélicas. 
Arco do Triunfo de LÉtoile
Nós vamos começar nosso passeio a partir do Arco do Triunfo, mas o chamado Eixo histórico, com monumentos e grandes avenidas vai do Arco de la Defense até o Louvre, passando pelo Arco do Triunfo. Caminhar por Champs Elisée é  muito agradável. Todas as nossas referências culturais parece que provém dali, É um mergulho nos velhos livros de história. 
                               
                                CAMINHANDO PELA AVENUE DES CHAMPS ELISÉE





 Descendo esta magnífica via você vai passar pelas Ruas George V e Montagne, ruas dos grandes costureiros e maisons de moda,restaurantes finos e hotéis de luxo.  Se quiser dar uma olhadinha nas vitrines e nas elegantes ruas fique a vontade. Compras ali são para bem poucos bolsos. Do lado direito e já distante do ponto de partida você verá os belos  Petit e Grand Palais. Construídos para a exposição mundial de 1900 obedecem ao estilo des beaux arts, juntamente com a Ponte Alexandre III, sobre a qual falaremos adiante. O Petit Palais foi aberto como Museu em 1902 sendo linda e luxuosamente decorado com pinturas nos seus murais, belos vitrais, mosaicos, pedras, elementos em ferro forjado, ainda esculturas,  bustos e trabalhos decorativos em relevo. No seu interior há uma escadaria de grande efeito visual e o seu portal de entrada também é digno de nota. Já o Grand Palais, igualmente cuidado em todos os detalhes, tem a lhe acrescer uma cobertura envidraçada, que não era comum na época em que foi erguido. Hoje sedia o Palais de la Decouverte, e a Galerie National du Grand Palais, para exposições temporárias. 
Depois deles você vai sair  triunfalmente na não menos famosa Place de la Concorde. Uma praça com muitas histórias,onde foi levantada a guilhotina na Revolução Francesa ( ocorrida no início dos anos 1792)para a decapitação de membros da familia real,como a do   Rei Luis XVI e da Rainha Maria Antonieta. Além deles foram mortos a Condessa Du Barry, Lavoisier, Danton, Robespierre e mais de 1100 pessoas. 
Para esquecer os episódios sangrentos a praça, que aquela altura se chamava Praça da Revolução,  foi enfim denominada a Praça da Concórdia. Nela foram construídas duas belas fontes que ladeiam o seu mais incrível monumento: o Obelisco. Uma peça legítima,  vindo de Luxor, no Egito e presenteado pelo seu vice-rei  aos franceses em homenagem ao francês Champolion que decifrou os hieróglifos. A peça tem cerca de 3300 anos. Aproxime-se e veja suas inscrições, sua cúpula em forma de pirâmde, folheada a outro . 
Se resolver seguir em frente vai terminar essa trajetória nos Jardins das Tulherias e no Louvre.
Place de La Concorde e Obelisco
Vamos contudo, desviar um pouquinho do caminho e ficar  do lado de cá do Rio , na Rive Droite. Na Place de La Concorde ,pelo seu flanco esquerdo, entremos  pela  Rue Royale até a famosa Eglise de Madeleine. Nessa rua vamos encontrar lojas de luxo como a Cartier, também o sofisticado restaurante Maxim´s e o não menos luxuoso Hôtel Crillon. Entre na Igreja, desfrute do seu frescor (principalmente se for verão), aprecie a beleza da igreja que se parece com um templo grego, sua nave e  obras de arte e depois continue seu passeio.

Église de Madeleine -´em estilo Grego

Pela direita você prossegue no  Boulevard de  La Madeleine que algumas quadras depois muda de nome para  Boulevard de Capucines," et voilá": estará diante do famoso Ópera, o Palais Garnier.  Ir a um show de balé, música, teatro ou simplesmente fazer uma visita é uma opção que você tem. Acho particularmente,  que uma visita descompromissada ( que lhe custará uns poucos euros), fora dos horários de espetáculo, é recomendável, pois a beleza do prédio de estonteante. Mandado  construir por Napoleão Bonaparte, teve sua pedra fundamental lançada em 1861, sendo o término de sua construção em 1875. Este teatro serviu de  inspiração a famoso romance "O Fantasma da Ópera", escrito por Gaston Leroux. 
São de Espelhos do Opera

Do lado direito dessa que é  uma das mais belas casas de artes cênicas do mundo, você verá a famosa Galeria Lafayette. Não sei se seu bolso permite tomar um banho de loja neste local, cheio de grifes. Se não permitir vá assim mesmo para conhecer. Internamente o prédio é belo também. Como o berço da moda é Paris, vá inteirar-se das últimas tendências. 
Em continuação  pegue a Rue de L'Ópera,  que sairá novamente às margem do Sena, mais precisamente no Palais Royal - Musée du Louvre. Aqui se fecha  o triângulo que desenhou saindo da Place de la Concorde. 
Aproveite pra descansar no Jardins des Tuilleries ( neste local existiu o Palácio das Tulherias, que foi habitado por vários reis, como os Luízes e Napoleão). Porém com o incêndio de 1881 foi derrubado e já se fala na sua reconstrução para compor todo o conjunto arquitetônico do eixo histórico. Sente-se em um dos recantos do jardim e aprecie, sem pressa a vida passar. Descansou? Os próximos passos o levarão até  a Ponte Alexandre III.Fazemos um parênteses aqui para que você também gaste algum tempo vendo os ornamentos dessa ponte, considerada a mais bonita de Paris. Foi construída para a Exposição Mundial de 1900, juntamente com os Petit e Grand Palais, acompanhando o estilo de ambos. O nome foi em homenagem ao Czar da Russia Alexandre III e a pedra fundamental foi lançada em 1896 por seu filho, Nicolau II. Guie-se pelo rio. Vá margeando até encontrá-la. Não é longe. Esta ponte liga os Champs Elisées aos Invalides. 


Assim que cruzá-la o visitante já vai divisar o majestoso prédio da Assembléia Nacional. Também ali perto poderá ver o Musée DÓrsay, que com calma, tenho certeza, pensará em retornar para visitar. Trata-se de uma antiga estação de trem, transformada num dos imperdíveis museus locais. 
Mas o nosso objetivo maior aqui é encontrar o Túmulo de Napoleão e todo o complexo de prédios que o envolve. Você já sai da ponte na Esplanade des Invalides. Os Invalides são compostos  do famoso Hotel des Invalides ( que abrigava os combatentes das guerras e que ainda hospeda uns poucos), e  vários  museus, como o Musée de Plan Relief ( este é especial, com as cidades medievais em miniatura), Musée des Arts Contemporain e Musée des Armés. Na ponta oposta da Esplanada encontra-se a Igreja com o Túmulo de Napoleão. Muito bonito e solene. Antes porém de alcançá-la você irá passar pela rua lateral esquerda da Esplanada, rua que se chama Boulevard des Invalides. Numa bifurcação que prossegue com o nome de Rue Varennes, encontrará outro museu especial,  o RODIN. Nesse ponto há uma estação de Metrô com o mesmo nome. (Varennes).Também ali,  situe-se para poder retornar. 
Tombeaux du Napoleón - Invalides


Deste mesmo lado do Rio, ou seja, na Rive Gauche,  você vai encontrar outro icônico monumento que junto com o Arco do Triunfo, o Louvre, os Invalides é um dos símbolos máximos da cidade: 
                         
                          a TOUR EIFFEL 



Se ainda tiver pernas que aguentem uma caminhada retorne por onde veio e pegue a margem do Rio, para a esquerda e vá  até o Champs de Mars. Lá suba na torre, Delicie-se com a vista da cidade e arredores. Encontrará muitos turistas...As vezes até desanima enfrentar tanta gente, mas vale a pena, principalmente se esta for sua primeira viagem.
                         
                       O CHÁ DAS SEIS


E para terminar,  vou contar um episódio bem francês acontecido conosco. 
Tínhamos o convite para tomar um chá na casa de uma amiga de minha irmã, no elegante e charmoso bairro de Saint Germain de Prés, vizinho ao Les Deux Magots, Café de Flore e lojas de marca. Havíamos chegado de Portugal que tem outro fuso horário, sem atentar para ajustar os relógios. Uma hora a menos. Como achávamos que ainda tínhamos algum tempo passamos numa floricultura para mimar a francesa dona da casa com um buquê de flores. 


Mas levamos um susto ao chegarmos. A primeira coisa que ela nos disse, após os cumprimentos,  foi: "Mes cheries, Je suis desolée de vous dire, mas vous est en retard." Aí nos demos conta do fuso e do furo. Quase uma hora de atraso. Neste caso quem estava desolada éramos nós e muito envergonhadas. Tentamos explicar,parece que ela entendeu, só que não poderia deixar passar em branco esta observação. Mas posso dizer que tudo ficou bem. Os franceses falam isto tão naturalmente, riem e aí já emendam outros assuntos,  que você nem percebe que foi chamada à atenção. O chá estava "magnifique" com docinhos finos  e macarrons. E as flores adornaram muito bem a bela sala de visitas. 
Bem amigos, como disse foi  só uma pincelada da Cidade Luz, a próxima postagem de Paris,  ESPEREM, será breve. À bientôt. 
Que tal irmos antes a Berlim? Sigam-me.










segunda-feira, 13 de abril de 2015

FÁTIMA, BATALHA, MAFRA E ÓBIDOS

Dias depois...
Partimos para o circuito  FÁTIMA,MAFRA, BATALHA E ÓBIDOS.


Confesso que estava bastante ansiosa para conhecer o lugar sagrado de Fátima, por recomendação de minha mãe que tinha uma grande fé na Santa e seus pastorinhos. Escolhemos o domingo dia 13 e fomos direto para lá. Na volta faríamos as outras visitas. Acho que viajamos por mais de 3 horas, numa auto-estrada bem construída, asfalto bom, mas com uma péssima sinalização. Precisávamos sair e pegar uma vicinal para entrar na cidade, o que se tornou difícil diante do que acabo de falar. Estranhamos porque trata-se de um local de peregrinação mundial. O Governo precisa dar mais atenção a isto. Nos perdemos várias vezes até encontrar a entrada da cidade. Fica aqui a sugestão já que nem todos os carros tem GPS.


Eram dez da manhã, quando chegamos. O  dia estava ensolarado e muito azul. Estacionamos nas imediações da Basílica, compramos alguns objetos, como souvenir para amigos e parentes, inclusive a medalhinha para benzer após a missa e que seria usada pelo meu neto Rafinha no seu batizado. Depois ingressamos na enorme praça, onde começava uma missa campal. Havia muitas pessoas, mas estavam concentradas em volta do altar, e o local por ser muito espaçoso dava a impressão de estar mais vazio. A Basílica estava fechada e só tivemos acesso a suas escadarias. Fomos apresentados às urzes sobre as quais  N. Sra apareceu para os pastorinhos. 
Depois fomos visitar a Igreja da Conciliação e o museu onde estavam expostas as cartas de Lúcia, Francisco e Jacinta, com as famosas e polêmicas previsões de Fátima.

Cumprida a missão  partimos para BATALHA, que ficava mais próximo de Fátima, já no caminho de volta para Lisboa. 
O interesse era visitar o convento e a igreja. O MOSTEIRO DE SANTA MARIA DA VITÓRIA, foi mandado edificar por D. João I, da dinastia de Avis, em agradecimento à Virgem pela vitória na Batalha de Aljubarrota (numa famosa briga com os vizinhos castelhanos). Trata-se de outra das belíssimas edificações religiosas, que lhe deram o título de Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO e uma das sete maravilhas de Portugal. Sua construção iniciou-se em 1386, no estilo gótico, mas ainda foi alcançada pela arte Manuelina, que a enriqueceu mais, devido ao longo tempo que levaram suas obras. 


MOSTEIRO DE BATALHA


Não deixe de apreciar com cuidado seus vitrais medievais. É a maior concentração da espécie em Portugal.Internamente se destaca ainda a Sala do Capítulo com abóbadas primorosas criadas por Mestre Huguet (numa fase chamada de Gótico Flamejante). Anexa à igreja encontra-se a Capela do Fundador, que alberga os restos mortais de D. João e da rainha sua esposa. Há muito mais o que ver. Então vagueie pelo claustro, capelas e pátios e contemple todas as maravilhas desta monumental obra.   
A cidade é tipica do interior, e o que eleva os olhos do mundo sobre ela é realmente o Mosteiro.  

                                MAFRA

 
Já no  fim da manhã chegamos a MAFRACom a construção de auto- estradas, estas regiões até então parcamente povoadas tomaram um impulso a partir do ano 2000, no entanto nada que viesse a  sufocar a vida pacata daqueles vilarejos e das pequenas cidades. Uma cidadezinha bem cuidada e do meu ponto de vista realmente formosa na sua simplicidade, simplicidade esta só quebrada pela imponência do complexo denominado PALÁCIO NACIONAL, do qual falaremos mais do que da cidade, uma vez ter sido alçado a condição de uma das sete maiores maravilhas de Portugal e é o maior atrativo do lugar.
Deixamos o carro no amplo estacionamento do Palácio e saímos a pé, para conhecermos a rua principal e afundarmo-nos pelos becos e vielas cheios de história. É  sabido que aquela região, embora com baixa densidade populacional foi habitada desde os tempos do Neolítico. Foi dominada pelos mouros, foi invadida pelas tropas de Napoleão e de lá partiu o último membro da dinastia dos Bragança pra o Exílio. Quão densa a história desta que podemos considerar quase uma vila e nos perguntamos como pode sustentar o peso de tanta história. Pergunta que já nos fizemos em Alcobaça, vez que estão inseridas na história da humanidade,  com grande destaque.
Interior da Igreja de Mafra


O passeio logo deu fome e tratamos de procurar um restaurante. Ao lado do Palácio havia uma placa com um nome sugestivo: Adega do Palácio. O espaço é muito aconchegante, mas o tempo de espera não era compatível com os nossos demais interesses de visitar a região. Daí seguimos para as ruelas centrais a cata do que primeiro razoável nos aparecesse. De fato estava tudo fechado, não encontrávamos nada atrativo. Até que desistimos e entramos num Grill, prédio simples, cadeiras de palha, mesas simples de madeira. Eu já perdi o bom humor, desconfiei dos pratos sugeridos...mas qual não foi a supresa com as iguarias e a fartura apresentadas. Experimentei pela primeira vez a alheira e morri de amores (mais uma vez - estou ficando repetitiva) por este delicioso prato da culinária lusa. Aquele sabor contudo...me pareceu único. Não consegui comer alheira mais saborosa que aquela. 
Da cidade de Mafra, ainda tínhamos a realizar duas importantes visitas. A primeira e mais demorada  ao Palácio e a segunda a Aldeia José Franco, com casinhas em miniatura que retratam a vida no Campo e as atividades típicas de uma aldeia portuguesa 

Nesta vilinha  em miniatura chovia muito quando chegamos. Mas como passa-se um bom tempo vendo interior de cada uma das casas, quando saímos já estava amainado e pudemos desfrutar um pouco da vista da muralha,do moinho de vento e da parte externa do conjunto. 

Lá também se vendia artesanato, louças e objetos variados. Mas não nos entusiasmamos. Afinal não estávamos dispostos a abarrotar malas. O colonizador não nos seduz mais com espelhinhos, pentes..isto foi há mais de 500 anos... 

Há áreas de lazer para crianças, mas também os adultos vão gostar, da escola, da padaria, da adega, da casa do moleiro e tantas outras. Se estiver em Mafra vá lá. 
Nosso interesse maior concentrava-se no PALÁCIO NACIONAL DE MAFRA.



Construído no estilo barroco joanino, com materiais nobres o seu interior foi decorado com madeiras raras, mármore,

além de ter sido ornado com quadros, móveis  e obras de arte de valor. Compunham o conjunto o Mosteiro , que abrigou no seu apogeu 330 frades franciscanos; o Palácio Real usado nos tempos áureos para a prática da caça pela família reinante;  a biblioteca, uma das mais belas da Europa e que contém obras raras e um acervo de 36.000 volumes. Do Palácio Real o interessante é que foi concebido com duas alas distintas e simétricas,  uma para o rei e outra para a rainha, com cozinhas próprias, despensas, caves, quartos dos respectivos empregados etc.. Um longo corredor de mais de 200 metros ligava as duas alas e era bastante usado para os passeios dos nobres, como costume àquela época.
Muitas de suas obras de arte, tapeçarias e adornos vieram para o Brasil, durante a fuga da família real, nos primórdios de 1800 e não mais voltaram a compor a decoração do Paço. 
Nossa visita ali foi demorada pois de posse de folders quisemos perscrutar cada cantinho. Seguimos após para 


                               ÓBIDOS

Essa é uma cidade amuralhada e muito graciosa. Subir nos seus contrafortes, olhar o casario e seus telhados de argila, espiar pelas frestas a vida que passa lá fora só proporcionaram agradáveis reflexões. 


Esse monumento medieval, muito bem preservado, fica muito próximo de Lisboa e você poderá passar o dia lá ou também usufruir de tudo que o lugar oferece permanecendo mais de um dia na vila medieval, num de seus hotéis. 
Ao ingressar por suas portas com destino ao interior da muralha há um solene portal, datado do século XVII e encimado pelos seguintes dizeres: "A Virgem Nossa Senhora foi concebida sem pecado original". Dizeres estes que foram mandados esculpir por D. João IV.  O umbral possui uma capela-oratório com revestimento de azulejos  azuis e brancos, cuja  motivação é a paixão de Cristo. (este é o primeiro ponto turístico a ser visitado e detalhadamente observado pela sua beleza).

Para mim foi como encontrar um brinquedo..não sabia se subia as escadas de pedra para alcançar o topo e passear ao longo da amurada ou se ficava por ali mesmo apreciando as casas brancas, as igrejas e capelas, a rua do comércio. 
Resolvemos subir para uma visão panorâmica. Melhor subir com esta idade porque daqui mais uns anos será uma dificuldade intransponível. Meio íngremes,  as escadas não possuem proteção. Cada vez que encontrávamos alguém na contramão era aquele frio na barriga pelo risco do desequilíbrio e da altura. 
Vista do alto da muralha de Óbidos para o aqueduto


A foto acima dá pára dimensionar o patamar em que nos encontrávamos. Daqui se vê também o aqueduto que levava água para a cidadela, tudo muito bem conservado. Ele foi construído e custeado por D. Catarina de Áustria, mulher de D. João III. Tem 3 km de extensão e é de visitação obrigatória. 
A vista do alto para o interior é interessante porque você pode ter a noção do que encontrar naquele simpático aglomerado.


Ao fundo o Castelo
Embora se fale em ruas labirínticas, as torres e a própria muralha servem de norteador. Então não tenha medo de aventurar-se pelas ruelas e becos. Ainda pela foto acima pode-se ver que traçando uma reta a partir da entrada você chega ao Castelo, que hoje serve como pousada. Uma opção bem interessante ao hóspede que poderá desfrutar de momentos de majestade. Se não se hospedar, ao menos procure visitá-lo. É outro ponto turístico de destaque.  Lembre-se que o Castelo é uma das sete maravilhas de Portugal. 
A pequena cidadezinha ainda possui um comércio interessante, hotéis, restaurantes, bares e muitas igrejas e capelas, além de um museu. Seguindo pela Rua Direita (que mantém este nome desde a época medieval), você poderá ver parte do patrimônio da cidade, como a Matriz, O Pelourinho e o telheiro.  O Pelourinho fica no chafariz da praça da igreja. O telheiro foi mercado da Vila até o início do seculo XX.
Igreja Matriz 
Ir a Óbidos é fácil. Se estiver em Lisboa vá de ônibus, táxi ou alugue mesmo um carro. O percurso leva de 40 a 50 minutos. De ônibus a passagem custa cerca de 8 Euros e o "autocarro" deixa você na entrada da cidade. A linha é a Rodotejo e tem site para consultas sobre horários e local de saída. O táxi custa por volta de 90 Euros. O "comboio" ou trem como o conhecemos fica mais distante, mas também é uma opção. Indo de carro há um estacionamento bem fácil e sinalizado no local. 

Se se interessar por conhecer detalhadamente os prédios históricos e principais da cidadela, procure a visita guiada, que dura pouco menos de uma hora. Existe um site para informação sobre este passeio, procure o posto de informações turísticas (bem fácil de encontrar) ou consulte o site: posto.turismo@cm-obidos.p


Para comer , se quiser lugares charmosos pode procurar a Pousada do Castelo  situado no Passo Real, Apartado 18, ou a Estalagem do Convento, Rua João D'Ornelas, 2510-074, site: www.estalagemdoconvento.com
Saímos de Óbidos já era noite. A partir de agora ainda temos uns lugares a rever em  Lisboa. Que pena! A viagem ao país de parte dos nossos ancestrais está terminando, logo agora que o descobrimos e passamos a apreciá-lo tanto. Eu, particularmente vou sentir sua falta. Próximo destino: Paris. Nos encontramos em Paris então. À Bientôt.


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...