quarta-feira, 19 de agosto de 2015

BURDIGALA OU BORDEAUX - uma cidade milenar


VIAJANDO DE TREM PELA FRANÇA www.sncf.com ou www.raileurope.com.br

Hora de deixar Paris e seguir para outra viagem solo. Viajar independente de agências de turismo, dá liberdade mas tem seu preço. Eu tenho sempre o suporte através de uma agência do Rio de Janeiro, que me socorre em todas as necessidades. As viagens de trem por exemplo foram compradas através deles, porque o site brasileiro da RaylEurope é muito ruim. Nós passamos vários dias na internet sem êxito. Partir para essa aventura exige atenção aos mínimos detalhes passagens, tickets, traslados, horários, etc 
Mas enfim, procurávamos estar ligados, comprando passes de transporte público para vários dias e com antecedência, informando-nos antecipadamente de horários e tudo o que se fizesse necessário para não ter sustos. 
Um exemplo de dificuldade a ser superada: Iríamos de trem para Bordeaux e não sabíamos se deveríamos validar o bilhete. A validação consiste em introduzir o bilhete numa máquina leitora, que o registra. Estas máquinas ficam espalhadas pela estação, em geral nos acessos às plataformas ou nas próprias plataformas. E esse controle tem que ser feito antes do começo da viagem sob pena de multa. Na França as maquininhas tem a cor amarela. Na viagem atual fomos cedo. Saímos do hotel as 5,30 AM. O trem partiria as 7,30 da Gare de Lyon. O tempo foi justo. Nos dirigimos ao balcão de informações e nos explicaram  que não havia necessidade de passar pela leitora porque compramos o ticket físico, numa agência de turismo no Brasil. Mas sempre procure se informar porque cada companhia tem um procedimento. 
O nosso trem foi o TGV, de alta velocidade. Seguindo as regras da Estação,  a saída do trem e sua plataforma são informadas com meia hora de antecedência.  Fique atento às telinhas suspensas no alto e espalhadas por todo o saguão. Assim que elas divulgarem o número da plataforma,("voie" em francês) siga para o trem e procure localizar o seu vagão.



Isto pode demorar, porque o trens são longos, numerados e a numeração não segue precisamente uma ordem lógica, porque há os carros de segunda classe e os de primeira. Em geral os vagões de primeira ficam bem lá na frente do comboio, tem-se que andar bastante na plataforma, até localizá-lo. O trem, além de ser um transporte agradável, é barato. Viajar de primeira classe é silencioso, confortável, limpo e perto do carro restaurante.  São detalhes, cujo conhecimento podem facilitar a vida do viajante.
Ao entrarmos acomodamos a bagagem no compartimento próprio, junto à porta do vagão. Mas verifique se a bagagem está bem etiquetada (você é o responsável pela identificação e etiquetação, ou seja colocar seu nome, endereço). Se tiver sem identificação pode ser considerada abandonada e retirada do trem pelos agentes da inspeção e destruídas. Fique esperto.
Os nossos assentos localizavam-se na parte superior, onde também tem compartimento de bagagens. É mais seguro que fiquem perto de você, mas no nosso caso deixamos embaixo por comodidade. Difícil subir as escadas com malas e maletas. Ao comprar o bilhete, se for idoso ou tiver problemas de locomoção, compre sua poltrona na parte inferior do trem.   
Os nossos assentos eram de número 41 e 44,individuais com mesinha entre eles. 
O trem  tem wifi e tomadas. Ficamos mais ligados em ver a paisagem, os lindos vilarejos, a arborização e o verde dos campos. A viagem durou 3 horas. 

CHEGADA A BORDEAUX







Bordeaux, a cidade que recebeu o título de Patrimônio Cultural da Humanidade no ano de 2007, pela UNESCO, não atrai somente pelos vinhos (o que já seria um ímã irresistível), mas pela sua longa vida, história, arquitetura, gastronomia, eventos artísticos e culturais.
Vamos nos conscientizar que estamos entrando numa cidade que foi fundada em 56 A.C. sob o domínio romano e que na região viveram os neandertais há 15.500 anos. Passou por guerras e com o tempo reconheceu a sua vocação para o vinho, desenvolvendo o cultivo da uva e passando por todos os processamentos até chegar a uma bebida de primeiríssima qualidade, reconhecida mundialmente. 
Portanto, não há como simplesmente passar por Bordeaux, sem procurar saber de sua rica cultura, de sua fantástica história, saber das origens do seu povo, do ontem e do hoje e as projeções para o amanhã. A França muda rápido de cara com a imigração dos orientais, com o auxilio da vindima pelos ciganos, com a chegada dos africanos e árabes. Mesmo sem a profundidade que um blog não  pode dar, não há como falar pouco. Daí ser longa, e,  infelizmente,  incompleta esta postagem.
Chegamos pela maior estação ferroviária de Bordeaux,  a Gare St Jean, que fica no circuito central da cidade. Rodeada de hotéis e restaurantes é um bom ponto para  hospedagem. Escolhemos nosso hotel pelas vantagens da proximidade com a estação, bastando cruzar a rua em diagonal. A estação é muito bonita e seu entorno agradável e seguro, com bares, bistrôs, lojas, supermercados e mercadinhos. mas há muito mais opções na cidade. Pesquise.



Gare ( Estação) Saint Jean


A estação tem uma bela fachada e internamente também é bastante simpática. Embora aberta ao público em 1898, ela hoje atende a todas as modernidades, sem perder o estilo. Sofreu reformas para receber o TGV (Trem de Alta Velocidade), além de serviços regionais, intermunicipais e internacionais (já que também tem destinos para a Espanha). A implantação de comodidades não alteraram a arquitetura original, isto é importante salientar.
O viajante vai encontrar facilmente comidas rápidas e não tão rápidas (restaurantes), docerias incríveis que oferecem o delicioso "canelet", caixas  eletrônicos, polícia, banheiros, internet, WiFi, maleiros, salas de espera mais aquecidinhas para receber os passageiros em trânsito ou aguardando a partida dos trens,  e assistência aos passageiros. É bem sinalizada mas qualquer dúvida pode ser resolvida no posto de informações turísticas.  Servida de táxis e ônibus, conta com a parada do TRAMWAY diante do prédio e um ônibus que a cada 45 minutos parte dali para o Aeroporto (o Jet Bus).
Mercure, Ibis, Best Western dentre outros hotéis povoam as proximidades da estação.
Ficamos no Best Western. Localizado num antigo prédio, de pedras de cor ocre, que tem a cor e a cara da  cidade. 

              CONHECENDO A CIDADE EM TRANPORTE PÚBLICO 
                 tramway.bordeaux-metropole.fr/
Tramway na Place Quinconces

O TRAMWAY, um meio de transporte mais eficaz para se conhecer a cidade. Sua inauguração foi nos primórdios do ano 2000. Nós o utilizamos bastante, até porque os trajetos eram curtos. Movimenta-se sobre trilhos, é  silencioso e não poluente. A linha C liga a Estação St Jean, passando pelo Centro, Place de La Bourse e Place Quinconces. A sua destinação inicial e final leva os nomes: Parc D’Exposicion/Cracovie a Carle Vernet/Vaclav Havel. Os tickets são comprados nas máquinas no próprio ponto. Compre mais de um, vai precisar (1 Euro e 40 cents). Não esqueça de validar o bilhete,  também. As maquininhas dentro do veículo estão sempre com defeito, mas há mais de uma no seu interior. Confesso que foi uma luta para comprar o primeiro bilhete. Tivemos que aceitar ajuda de outros passageiros para entendermos a sua lógica. Mas depois tudo se resolveu. Como o tram tem amplas janelas você tem uma visão panorâmica da cidade, passa pela beira-rio e muitos dos pontos turísticos, inclusive onde você pode descer para continuar o passeio a pé: como a Place de la Bourse e seu espelho d’água, a Pont de Pierre, a Porte Cailhau e finalmente Quinconces.

            HISTÓRICO E ATUALIDADES


Place de La Bourse

A primeira impressão da cidade foi de que era  maltratada e suja. O conjunto dos prédios é monótono, todos da mesma cor e poucas flores e verde. Confesso que a achei tristonha e pensei que não iria ter nenhuma afinidade com ela, mas aos poucos mudei de opinião. Pudera, uma cidade com mais de dois milênios esconde tesouros inimagináveis, de história, de arquitetura. Não é por acaso que se situa na França. Com o convívio e o conhecimento você passa a admirar até a cor uniforme que a caracteriza.
Depois de deixar as bagagens no hotel fomos direto pro Ofício de Turismo (Place des Quinconces), que tem o monopólio das visitas aos chateaux e vinícolas, além dos passeios pela cidade, teatros e edifícios públicos. Uns 15 minutinhos de Tram.
No Ofício escolhemos a visita de um dia inteiro em três vinícolas produtoras de vinho "GRAND CRU". Os Lafite, Rotschild e demais de primeira classificação não estavam ou não são disponíveis. O nosso passeio incluía um segundo colocado, com direito a almoço e guia, inglês/francês. O que não é um privilégio para muitos. Conto mais adiante. Acho que a questão maior é os dias disponíveis, há uma tabela, os itinerários variam de dia para dia. Consulte tudo antes de viajar e se programe. 
Acertamos o passeio para a segunda feira e prosseguimos nossa visita pela cidade.

O CENTRO COMERCIAL E CULTURAL DA CIDADE


Rua St Cathèrine - principal de comércio

 Seguimos pela rua de pedestres, a principal do centro da cidade,  Rue de St Catherine. Com cerca de 3 km esta via de comercio liga a Place de la Comedie à Place de la Victoire (onde fica a Faculdade de Medicina). A entrada no Largo é triunfal pois se passa pelos arcos da Porte D'Aquitaine, que faz parte do "Caminho de Compostela". Na Rue de Saint Catherine você encontra todas as lojas conhecidas, inclusive uma Galeria Lafayette. Na ampla Praça da Vitória há restaurantes simpáticos, com mesas no calçadão. No entanto, a parte melhor, mais elegante e com melhores restaurantes é a que fica no início da rua, nos arredores do Teatro e do Ofício de Turismo. 
Porte D'Aquitaine - place de la Victoire
Veja na foto retro, um obelisco  que foi introduzido na decoração da praça em 2000. De mármore rosado homenageia o grande produto da região - o vinho.  Junto com esse foram incluídas duas esculturas de tartarugas gigantes em bronze.  
Voltando pela Rue de St Catherine e virando ao lado do Grand Hotel escolhemos a simpática Brasserie La Noailles para almoçar.
A sisuda Brasserie Le Noailles


 É um restaurante elegante, frequentado por pessoas de terno e gravata, comerciantes, executivos. Poucos turistas. A comida foi ideal, leve. Sobremesa de peras e sorvete, bem saborosa. Depois do "repas", nos afundamos pelo Bairro de St Michel,e estabelecemos um paralelo deste com as ruas labirínticas de Barcelona. 


Vimos o belo Portal da Grosse Cloche, com restos da muralha romana, do qual voltaremos a falar.  
O bairro como um todo tem uma forte presença árabe, com um comércio pertencente a pessoas daquela comunidade.
Fomos conhecer duas igrejas nas imediações: a St Michel e a Notre Dame. Uma coisa interessante que só vi na França, mas que eventualmente pode não ter me chamado a atenção em outros países: o Beffroi (campanários separados das igrejas). Já havíamos visto em Fougères. São tão reforçados que a sua construção apartada da igreja é por questão de segurança, para não abalar as estruturas do prédio principal. (Foi aí que me lembrei que na minha cidade de Blumenau o campanário é separado da igreja!!!). 
Ainda resolvemos fazer um passeio de ônibus tipo Hop on Hop off, para ver os principais pontos e retornar se achássemos interessante. Mas, claro,  isto foi planejado para o dia seguinte.

                     TOURS PELA CIDADE 

Para ampliar clique sobre o mapa e depois selecione extra grande

Dependendo da sua idade e do seu bolso, existem várias opções de passeio pela cidade: Cruzeiros pelo Rio, aluguel de bike e de segway e os tradicionais tours de ônibus. 
Desta modalidade existem 3 tipos de passeios de empresas e ônibus:
O Car Cabriolet, um ônibus menor, cujo percurso me pareceu melhor que os demais, com degustação de vinho no final. 
Há ainda o clásssico Hop on Hop off, cuja passagem se adquire no próprio ônibus. Embora o folder de propaganda dissesse que a visita se estendia aos dois lados do Rio Garonne, a informação dada pelos vendedores dos bilhetes era de que somente passa pela Rive Gauche. (Margem Esquerda, sem cruzar a bela ponte). Este passeio também inclui degustação e os ônibus muito maiores, estão sempre lotados. Os horários de partida são: 11h, 13,45, 15,30 e 17,15.
Finamente, há o Petit Train (caminhão adaptado que imita um trenzinho)e que privilegia os tours da Burdigala, período gallo-romano, mas também faz um giro pela Bordeaux do século XVIII. Os horários seguem os do cabriolet. 
Tudo depende da época que você vai visitar a cidade. Pegue os folders ou informe-se no ofício de turismo.

        PONTOS DE INTERESSE  (www.bordeaux-tourisme.com)

Estes pontos foram visualizados inicialmente com o passeio de cabriolet. Depois retornamos para conhecer cada um mais de perto. Descrevo abaixo o roteiro que fizemos e também  aproveito para dar as informações sobre cada rua, monumento ou edifício. 

Place  Des QuinconceS – 


Como mencionamos, na sua esquina funciona o Ofício de Turismo( é o central porque existem mais dois escritórios, um na Place de La Bourse n. 2 a 8 e outro na Gare St Jean), onde se adquire passagens e tem uma ampla gama de opções de passeios. O TRAM faz conexões ali também.  O primeiro local explorado foi a própria praça, ponto inicial e final do City Tour. É uma das principais praças centrais da cidade. A origem do seu nome vem do formato com que foi concebida(pentagonal, ou seja, com 5 lados). Há uma esplanada que se estende até a beira do Rio. Aléias de árvores a margeiam. Dois importantes monumentos definem as extremidades desta Praça: na beira-rio há duas colunas Rostrales, construídas em 1829. No estilo néo-clássico homenageiam o Comércio e a Navegação. Já  na extremidade interna oposta, encontra-se o Monumento aos Deputados Girondinos, mortos na Revolução Francesa, na guilhotina. Visa homenagear a República e os deputados caídos em defesa dos ideais republicanos.



O monumento tem ao centro uma coluna, com 54 m de altura, e no seu topo uma estátua em homenagem à liberdade. Aos seus pés duas fontes, com cavalos alados. Todo o metal que compõe o monumento foi retirado e escondido pelos resistentes, na Segunda Grande Guerra, para evitar que os alemães os derretessem e transformassem em material bélico, como havia se tornado rotina. Foram devolvidos ao seu local original somente em 1986. Os passeios do jardim também contém estátuas de Montaignes e Montesquieu.
A segunda parada foi na beira-rio na linda PLACE DE LA BOURSE.


 O ônibus prosseguiu pela beira rio, parou na Place de La Bourse (Praça da Bolsa de Valores), muito ampla e com prédios majestosos. Inaugurada em 1749, teve vários nomes, como Praça Real (Royale) e Praça da Liberdade. O seu nome atual foi dado em 1848.O guia explicou que havia ali uma estátua equestre  em homenagem ao Rei Luís XV, mas que com a queda da monarquia o monumento foi destruído. Contudo ainda mantém no seu centro a fonte das 3 Graças, filhas de Zeus - Aglaé, Euphrosyne e Thalie.




 Acho que não conheço outra praça semelhante. É a construção mais representativa da arquitetura clássica francesa do século XVIII. Em todo o entorno os prédios possuem esculturas e carrancas (mascarons) inspiradas em figuras femininas, animais mitológicos, máscaras de carnaval, rostos de mulheres africanas (ali aportavam navios negreiros e a cidade se beneficiou com o tráfico de escravos). O relógio da praça chama a atenção. Seu mostrador foi confeccionado pelo ceramista d'Hustin. O seu interior contém pinturas e tapeçarias em Gobelin. São detalhes que as vezes passam despercebidos com tantas coisas para apreciar.
Além do Prédio da Bolsa de Valores, atual Chambres de Commerce e Industrie,  ao redor da praça está também sediado o Hôtel de Fermes, que abriga o Museu de Alfândengas(Douannes). 


                 O ESPELHO D'ÁGUA


free images internet


Diante da Praça da Bolsa e às margens do Garonne, o Espelho D'Água é outra atração. Verdadeiramente grande, o maior do mundo tem área de 3.450m2. 


Patrimônio Mundial Contemporâneo da Humanidade pela UNESCO, desde 2006, suas águas brotam do chão, correndo sobre o granito negro, formando uma lâmina d'água de 2 cm, transparente e iluminada a refletir o céu e o sol. Ela tem também efeito de neblina, fazendo subir uma misteriosa bruma que encanta os visitantes. É um lugar bonito e refrescante, principalmente nos dias de verão. Crianças apreciam. 

                     A PORTE CAILHAU




Há duas interpretações para o nome Cailhau: a primeira, palavra que vem do Gascão, e se refere a pedras acumuladas nas proximidades e que serviam de lastro para os navios que aportavam no Garonne; ou,um segunda, que seria  nome de uma familia burguesa importante que forneceu vários prefeitos para Bordeaux. De todo modo era a porta principal da muralha que circundava a cidade. Com 35 metros de altura, tem  o estilo gótico-renascentista. Ela substituiu em 1495 outra porta ali existente. A atual tem entalhes na fachada (um anjo com flor de lis) e algumas esculturas como a de Charles VIII, do Cardeal de Eparnay e de São João Evangelista. Pela sua beleza e importância histórica foi classificada como Monumento Histórico da França. 
A porta tanto era um arco do triunfo como servia para a defesa do burgo. 
o ingresso custa 3 Euros e abre das 10 às 12h e das 13h às 18h. 

Prosseguindo para o outro lado do Rio cruza-se a 

           PONTE DE PEDRA (PONT DE PIERRE)




Primeira ponte sobre o Rio Garonne, liga as avenidas Victor Hugo e Thiers ou seja, a esplanada à La Bastide.  Planejada nos tempos de Napoleão, sua construção só teve início em 1819, terminando em 1822. Por ser o rio muito caudaloso, durante a obra,  houve problemas para estabilização dos seus pilares de sustentação e os franceses pediram ajuda técnica à Inglaterra. A ponte tem 17 arcos (total de letras do nome de Napoleón Bonaparte, e é encimada por belos postes de iluminação em ferro forjado. No encontro dos arcos, que se dá sobre cada pilastra, existem medalhões brancos que foram adicionados em homenagem ao Imperador.  Sem dúvida uma das obras bonitas, até pelo local em que se situa.
Por sobre ela trafegam todo o tipo de veiculo, inclusive o Tram. 
O Cabriolet faz um ligeiro recorrido pelas ruas da velha Bordeaux, onde se originou  a cidade, mostrando a restauração de casas e antigas bodegas, além da moderna estátua de um Leão azulado que fica na praça diante da Ponte de Pedra, na Place de Stalingrad.

De volta, saindo pela Ponte do seu lado esquerdo temos o Quartier Saint Michel. O primeiro ponto turístico é a BASÍLICA DE SAINT MICHEL, situada na Place Meynard e construída em estilo gótico flamboyant é a segunda mais alta do país.





A sua TORRE mede 47 metros. Já o Campanário mede 114m de altura  e abaixo dele durante escavações no cemitério paroquial foram encontrados corpos mumificados naturalmente. Expostos na cripta foram novamente enterrados, desta vez no cemitério de Chartreuse, em 1979.  
O interior da igreja é enriquecido por um órgão do século XIX. O púlpito, em mogno e painéis de mármore,  representa São Miguel (o patrono da igreja)  matando o dragão. 



Há inúmeras obras de arte nas suas capelas laterais (em número de 17). Destaca-se dentre essas o retábulo em madeira, do século XVIII na Capela de Santiago (Saint Jacques). Os vitrais que dão solenidade ao ambiente foram parcialmente destruídos na Segunda Grande Guerra (1940) e substituídos por obras de vidreiros modernistas.
O Campanário, construído em separado possui um carrilhão com 22 sinos. 
O complexo é aberto à visitação das 10 às 12 horas e das 13 às 18 horas.  
É Servido pelo linha do tramway - Estação Saint Michel. 
Neste local há feiras (Marchés), o Mercado das Pulgas(quintas feiras) e o Grande mercado (aos sábados).

                     

                   CATEDRAL DE SAINT ANDRÉS



Situada na Pça Pey Berland, junto ao Hôtel de Ville, é composta de dois prédios: A igreja própriamente e o Campanário (torre dos sinos). 

A primeira igreja data de 1096, porém foi reconstruída e no século XII tomou as feições góticas. Tem uma longa história que deve fazer voltar no tempo as pessoas que a visitam. Imaginem o casamento de Aliénor D'Aquitaine aos 15 anos com o futuro rei da França Luís VII. Quanta pompa! Consigo até escutar a música... Isto ocorreu no longínquo ano de 1137. Esta Igreja também é ligada ao Caminho de Compostela. É uma das 3 igrejas de Bordeaux que fazem parte da linha de peregrinação. As outras são Saint Saurin e St Michel. A Catedral está na lista de monumentos históricos da França, de 1862. 
É uma obra grande e possui do seu lado norte duas torres de 81 m de altura. Possuía um órgão dos maiores e mais lindos da Europa, mas na revolução francesa suas peças foram derretidas para fazer armamento. Pode? Que troca de finalidades verdadeiramente incompatíveis...A caixa do órgão no entanto continua no seu lugar de origem. É o preço por terem vivido tantas guerras. Se fossem mais pacíficos talvez estivessem com todos os monumentos intactos. 
Bem,  outra coisa a que chama a atenção no complexo da igreja é a torre do Campanário, que fica ao seu lado. É do século XV. Também chamada de Torre Pey-Berland, em homenagem ao arcebispo que a mandou construir ostenta no seu topo a imagem dourada, em bronze de Nossa Senhora da Aquitânia. A UNESCO reconheceu seu valor como Patrimônio da Humanidade em 1998. Pode ser visitada, mas faça promessa antes porque suas intenções deverão ser atendidas. Um belo sacrifício. Mas se não forem atendidas vai ser recompensado pela bela vista da cidade que se descortina de seu topo.  
A região é servida pelas linhas A e B do Tramway. 
Na mesma praça Pey Berland existe o HÔTEL DE VILLE.


Em segundo plano Hôtel de Ville - Pça Pey-Berland
Neste local foi mandado construir em 1774 o Palácio Rohan, que desde 1790, devido a uma troca feita com o arcebispado, o prédio passou a ser a Prefeitura (Hôtel de Ville) de Bordeaux. Fala-se de inúmeras reformas posteriores para adaptação do prédio à nova finalidade, que o teriam descaracterizado. Ressalte-se que a imponente escadaria está preservada, bem como uma bela sala de jantar, pintada em trompe l'oeil  e uma sala esculpida em madeira de tílias ( árvore de cor esbranquiçada tipica da Europa), todas no térreo. Nos seus jardins situam-se duas galerias transformadas no século XIX no Museu de Belas Artes. Todo o entorno é comercial, com antiquários e lojas de decoração (Rue Buffard). Dependendo de onde você vier poderá passar pela Cours de L'intendence, onde estão as lojas de marca, como Louis Vuitton, Diesel e outras. Esta rua vai desaguar na Praça Gambetta, um simpático local com vários bares e restaurantes com mesas nas calçadas.  
Porte-Dijeaux - Place Gambetta

O conjunto faz parte do Quartier Meriadeck, construído em torno de um jardim central. Antiga  área degradada e desvalorizada foi revitalizada na década de 60. O estilo dominante é moderno e ali convivem escritórios, residências, área administrativa, centro desportivo, etc.. A via de pedestres é separada dos veículos por uma murada. Essa via chama-se Esplanade Charles De Gaulle.  O nosso ônibus ainda fez uma volta pela cidade no sentido Gare de Saint Jean e nos levou a apreciar vestigios da MURALHAS ROMANAS, ali existentes, como o Palais Gallien (um anfiteatro romano), abaixo



Gallien - vestigios gallo-romanos

No centro da cidade se desenvolvem pesquisas arqueológicas. Um dos exemplos é o canteiro existente na Pça Pey-Berland. 

No final do passeio passamos pela Praça da Comédie, onde ficam o Teatro e o Grande Hotel e se encerrou em Quinconces. Dali seguimos a pé para a rua paralela para a degustação de vinho no Bordeaux Magnum, 3 Rue Gobineaux. 
Ao entrar o grupo, as portas foram cerradas e começaram as explicações sobre a casta, a safra, local de cultivo, processamento, engarrafamento, buquê, etc... Uma pequena aula sobre os vinhos escolhidos. 
Degustação no Magnum





                                                                                                                                                            OUTROS PASSEIOS NO CENTRO                   
 IGREJA DE NOTRE DAME





Nos dias subsequentes e na medida do possível íamos fazendo outros passeios. A Igreja de Notre Dame fica bem no centro . Na verdade nem a procurávamos, mas esbarramos com ela e nos encantamos. Situa-se perto da Rue de St Catherine e do Grand Theatre, no número  1, da Place du Chapelet - na  Rue Mably) . Construída em estilo barroco/Jesuíta foi inaugurada em 1707. É ampla, com belos vitrais e seu imponente altar levou mais de dez anos para ficar pronto. Hoje é mais  que igreja, é um espaço cultural de relevância para a cidade. Alberga uma biblioteca com ricos manuscritos de Montesquieu e Montaigne. Possui um fantástico órgão da mesma data acima, que restaurado faz a delícia dos apreciadores da boa música. Com uma acústica invejável justifica os inúmeros concertos que sedia. Particularmente eu a achei linda. A fachada em mármore amarelado é ricamente trabalhada. Na testada, ao centro está esculpida a figura da Virgem Maria entregando um rosário a São Domingos. Esta imagem deu nome à praça "Chapelet", que quer dizer rosário em francês.




Há também um Claustro, chamado Cours Mably onde são promovidas exposições de obras de arte (pinturas, esculturas, desenhos, etc) além dos variados eventos culturais desde música a palestras, e outras manifestações. 

É servido pela linha B do Tramway, Estação Grand Thèatre. 


GRAND THÈÂTRE www.opera-bordeaux.com/

Diante do Grand Thèâtre manifestações de professoras contra o presidente Hollande

Nessa cidade emblemática o centro nervoso é diante do Ópera, ou seja do Grande Teatro Nacional de Ópera de Bordeaux, na Place de la Comédie. Diante do Teatro está situado o luxuoso Bordeaux Grande Hotel e Spa. O prédio é lindo. Internamente seu mobiliário, do século XIX, é refinado. O Hotel conta com vários restaurantes, além de bares nas calçadas. Seus restaurantes são bem avaliados pelo Guia Michelin. 

Grand Hotel

Falando em restaurante, entre a Place de la Comedie e o Office de Tourisme encontra-se o ENTRECOTE, o restaurante de um prato só. Servem salada verde com nozes, a carne com um molho cujo segredo é mantido a sete chaves e sobremesa. Tudo correto menos a carne, que eu não diria correta, diria excepcionalmente saborosa. Não é a toa que vive cheio, com filas na porta. As filas se esgotam rápido e o atendimento é cordial
GROSSE CLOCHE

                        www.33-bordeaux.com/grosse-cloche.htm
                        

No topo há um catavento que é um leopardo de ouro 

Perder-se passeando nas circunvizinhas da Place de la Comedie e Rue de Sainte Catherine, que liga o centro ao Rio Garonne significa ser surpreendido a cada quadra por um prédio ou um monumento vinculado a um passado remoto e que já nos chegou ao conhecimento pelos livros de história.  
Assim, embora já conhecessemos o Grosse Cloche  no passeio do Cabriolet, dar de cara com ele, num destes passeios descompromissados é delicioso. Pra mim o monumento mais bonito da cidade. Um "Beffroi", que embora seja parte da Igreja Católica de St Eloi, lembra os castelos de fada, com aquelas torre que aprisionam princesas. Situa-se na Cours St James e está apertado no meio das casas. 
Relógio do Grosse Cloche

As visitas ao seu interior, incluem a visão do mecanismo do relógio, e entrando numa incrível porta antiga, a prisão com escritos nas paredes feitos pelos prisioneiros. Pare e perscrute cada milímetro, vai adorar.
MUSEUS

A Cidade tem muitos museus. Portanto não vou citar todos, mas os que mais me interessaram. Há renomados artistas com obras em exposição permanente: GALLERIE DES BEAUX ARTS - Place du Colonel Raynal, aberto das 11 às 18h e fecha terças e dias feriados. 
MUSÉE DES BEAUX ARTS, próximo à Igreja de Saint André - 20, Cours d'Albret ( www.musba-bordeaux.fr (fechado às tercas). Tem duas alas - a sul dedicada as antigas coleções (séc. XV a XVIII), com pinturas italianas, coleções holandesas, escola inglesa e bordelaise. A Norte é consagrada aos sec. XIX e XX. Os anos românticos e a pintura de histórias e de paisagens, animais, impressionismo e naturalismo
MUSÉE AQUITÁINE - Conta a história de Bordeaux e região, desde a pré-história.  É um museu de artes decorativas e e design. O endereço é 20, Cours Pasteur (www.musee-aquitaine-bordeaux.fr) Está aberto das 11 às 18 horas. 
CENTRE JEAN MOULIN dedicado à 2a. guerra mundial, à resistência  das forças francesas livres. Tem acesso gratuito e está aberto de 14 às 18 horas. 
MUSEU DO VINHO E DOS NEGÓCIOS - (COMÉRCIO)
41, Rue Borie (www.mvnb.fr). Lugar de memória e história das grandes famiias de negociantes de vinhos locais, fica no coração do bairro de Chartrons. Há provas de degustação de vinho. 

Bem, acho que deu pra dar a dimensão do que tem para ver nesta histórica cidade francesa.

NA PRÓXIMA TRATAREMOS DOS VINHOS, visita a vinícolas...TIM TIM....em St Emilion  ou no Médoc...Au Revoir! A bientôt. 

Um comentário:

  1. Graça...você "bordou" um Bordeaux maravilhoso! Deliciosa leitura! Parabéns!

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...