sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

CINCO DIAS EM PRAGA


Praga merece um capitulo especial. Nada será falado aqui que não tiver relacão com esta fantástica cidade de sonhos.
Antes de me aprofundar nas lembranças, quero contar que recebi um email nos dias anteriores`a viagem, que dizia: FUI CONTAMINADA POR UM PÓ MÁGICO. clique aqui para maiores detalhes. Claro que deletei, me esqueci do assunto e fui arrumar as malas.
Como bons caxias que somos, assistimos aula até as 11 horas e no intervalo saimos para o aeroporto, com duas malas. Uma média e uma menor com produtos de toucador e uma bota de neve. No caminho para o aeroporto de Heathrow a neve caia fina e persistente. Ao chegarmos ao terminal fizemos o check in , passamos pela imigração e revistas de praxe e depois ficamos aguardando limparem a pista para o embarque. O voo atrasou bastante. O avião faria uma escala em Amsterdã e em seguida pegaríamos outro vôo da mesma empresa ,a KLM, rumo a Czech. Fiquei pensando nas apreensões do meu ansioso primo Edson (não embarca, com esta neve toda. O avião fica pesado demais, trepida muito etc.) Mas ao contrário,  ao levantarmos vôo saiu um solzinho frio e muito brilhante que mudou toda a paisagem. O céu foi ficando muito azul e parecia uma visão encantada, depois de tantos dias de gelo. Cinquenta minutos mais tarde voltamos a realidade aterrisando em Schipoll, na Holanda, toda vestida de branco.
Foi uma correria pelas esteiras rolantes e corredores infindáveis do imenso aeroporto, mas enfim conseguimos embarcar,  na última hora.
Em Praga, já havia escurecido, quando chegamos (embora fosse ainda de tarde). Temperatura? 14 negativos. Dirigimo-nos para o local de retirada das bagagens e esperamos, esperamos, esperamos....Nada! Como nada? Cade a mala? O aeroporto ja estava esvaziando, um ou outro funcionário passava rápido sem dar atenção para os dois perdidos e desolados passageiros. O nosso "transfer" ficava ligando e se comunicava em um inglês sofrivel conosco e nós respondíamos num ingles pior ainda. Decidimos ir ao balcão de reclamações, preenchemos os papéis de praxe, recebemos o "apologise" da atendente, com um aviso : se em três dias não aparecer,  vcs entrem em contato com a companhia .-  Como assim, em três dias?  E para hoje como ficamos. - Ah! A empresa oferece uma ajuda para esta noite, respondeu solícita a funcionária. Dirigiu-se aos fundos da sala e trouxe uma "necessaire" para cada um e um embrulho que a primeira vista me pareceu um pijama. Fiquei até feliz com a solucão e fomos embora. Lá fora um cidadão com uma placa Mrs Maria Graça,  nos esperava e logo, muito gentilmente, se ofereceu para transportar a minúscula mala com quase nada dentro,  para a Van estacionada diante do prédio. Dançavamos,  junto com o veiculo,  na neve escorregadia e assim foi até chegarmos ao apart hotel ( que por equivoco eu reservei, teria preferido um hotel). Era um prédio antigo. hummmm, mas muito bem reformado e confortável por dentro. Tudo que se exige num clima tão severo, como o de Praga.
Fomos para o banho e ao abrirmos os souvenirs da KLM , a awful (horrível) empresa que nos deu este aborrecimento, descobrimos duas camisetas brancas, extra large, e produtos para banho. Nada mais.  Foi um susto e uma decepção. Tratamos de ir logo para o centro comercial para comprar roupas intimas e camisas para trocar, mas já encontramos todas as lojas fechadas. Nos conformamos e fomos passear e comer. Tivemos sorte em descobrir uma casa de chá que se prontificou a abrir a cozinha e fazer alguma coisa para jantarmos. Isto, mais um bom vinho Tcheco, nos reconfortou. Meia noite, tempo de menos 14 graus e as ruas cheias de gente alegre, passeando. Alguns cambaleando pela neve de uns 30 centímetros, um cheiro de vodka no ar. (eis aí a origem da palavra boemio, da Bohemia, província onde fica Praga)
Dia seguinte: Tomavamos o café da manhã, muito saboroso e farto, num hotel cinco estrelas em frente ao apart. Nos ultimos dias de estadia os empregados já achavam que eramos hóspedes, devido a frequência.
 Saimos a pé até a beira do Rio Vltava, onde apreciamos na esquina  mesmo o grande e imponente NATIONAL THEATRE (1865-1881).
A neve  cobria tudo, os telhados, as calçadas, as pontes, os carros, mas no momento não caia.


Continuando pela beira do Rio até a Ponte Charles, apreciamos o conjunto de torres Novotneho Lavka - Water Tower, do 14o. século.

A Charles Bridge mereceria também um capítulo especial só para cantar suas belezas. Tá certo que Paris tem a Ponte mais famosa, mas a concorrente do leste,  tem uma ponte cheia de estátuas, enegrecidas pelo tempo, tão autênticas que se tornam inigualáveis. A vista de todo o entorno é realmente de deixar a pessoa em êxtase.





A partir daí entramos nas tortuosas ruas medievais e fomos abordados por muitos vendedores de ingressos para os concertos, pelos quais eu estava ávida. Mas preferi adquirir ingressos numa das salas mais famosas, que é a do Municipal House.


Depois tratamos de ir ao centro turístico que fica na Old Town Square para informaçoes sobre um city tour.
Sempre é interessante uma visão geral da cidade, com relatos confiáveis sobre a parte histórica, para depois se optar por onde rever, ou visitar o que faltou , de acordo com livros guias da cidade.
A excursão que pegamos focou mais no Praga Castle, mas também passou pelo bairro Judeu (no centro), onde fica um antigo cemitério e uma Sinagoga que desde 1300 está em serviço ( foto abaixo).


 Neste bairros as casas estão muito bem cuidadas e restauradas, e nelas estão instaladas lojas de grife, como Dior, Chanel, Cartier e outros.


O Castelo é uma cidadela ( mede 570 x 130), não apenas um prédio, mas muitos prédios que foram utilizados por Imperadores Romanos, Austríacos, e pelos Presidentes da República, comunistas e pós, inclusive o atual tem seu Gabinete lá. O bairro em que está situado se chama HRADCANY).



Ao meio dia pode ser vista  a troca da guarda, com muito rumor e música (era sábado, talvez seja por isto). Não sei se nos dias de semana eles usam fazer toda a cerimonia que assistimos. Indo para o interior da forticação, num dos pátios encontra-se a Catedral de S. Vito,



 com um estupendo caixão de S. João Neponuceno, em prata. No mesmo âmbito encontra-se a Igreja de S. Georg, do seculo 10 (ano 970) que está lá, muito bem conservada para nosso gáudio, em pleno século 21.

Incrivelmente foram encontrados ossos dos padres  enterrados na cripta e objetos da época que são expostos ao público. Voltamos posteriormente e visitamos outras partes do Castelo abertas ao público, sala do trono, jóias etc..que hj pertencem ao Estado Tcheco.
Nos dias subseqüentes ainda visitamos a Igreja do Menino Jesus de Praga, que fica aos pés do Castelo, na Lesser Town, mesmo bairro onde estão situadas as embaixadas dos maiores países da Europa e Estados Unidos e também a Igreja de S. Nicolau.


No mesmo sábado ainda fizemos uma programação a noite: foi no  Municipal House para ver um concerto de Bach, Bethoven e Mozart, com direito a um jantar no belo restaurante do Teatro, ou melhor, no restaurante do belo teatro...Nem sei mais a ordem das coisas nesta cidade que esbanja bom gosto e harmonia.
Aqui se come bem e se bebe melhor ainda. A cerveja é famosa. O vinho não é famoso, mas não houve erro em nenhuma das escolhas que fizemos.
A comida tradicional TCheca só experimentamos no restaurante do teatro. É bastante adocicada. Não gostei. Eles servem  a carne com uma espécie de pão, bem doce. Como a carne já não tem sal predomina o sabor doce, o que eu acho que não é do gosto dos brasileiros. Meu, pelo menos,  não é. Nos outros dias procuramos restaurantes com cozinha internacional e comemos muito bem. Tudo ali mesmo na OLD TOWN.
No domingo assistimos a outro  concerto na Igreja de St Michel. A igreja estava gelada e os bancos eram desconfortáveis, o que foi esquecido pela impecável apresentação das músicas de Strauss e Chopin. Tudo de primeira linha, inclusive os intérpretes. Um programão.
O artesanato local é focado no cristal da Bohemia , nos ovos de madeira ou vidro, nas matrioskas e em muito artesanato. Como estamos na época do Natal, as praças da cidade estão cheias de barraquinhas ( os Christmas markets) que vendem toda a sorte de produtos para a ocasião, além de souvenirs e comida, cheirosa, algumas preparadas a moda medieval (porcos inteiros assados no rolete).


O melhor shopping Center de lá se chama Palladium. Seria redundante falar que se trata de um belo prédio, localizado em frente a Municipal House... Tem todas as grandes lojas aqui da Europa. As mesmas que se encontra em Londres. Achamos botas e outros trajes de alto inverno mais baratos que em Londres e compramos botas de neve para as crianças, na faixa dos GBP 40 ou menos.
A OLD TOWN SQUARE

É o coração da cidade. Tudo acontece ali e não é de hoje. Na idade média por exemplo, muito inimigo foi enforcado naquele local, sob os olhos ávidos de sangue das turbas assistentes. A população viu o desfile de dominadores romanos, bem mais tarde os nazistas entrando  na praça fincaram os seus tacões na bela metrópole e por fim vieram os russos, que deram um banho de sangue na famosa Primavera de Praga. Nenhum deles ousou destruir aquela maravilha.
Voltando à Praça física, nela existem muitos prédios medievais, pinturas nas paredes, pedras trabalhadas e a torre do relógio. No seu alto o arauto, até hoje,  toca sua corneta, ao vivo e  de hora em hora, aparecendo nos seus  quatro lados e sendo efusivamente saudado pela multidão de turistas que nela se aglomera.

 A praça não é regular, ela dá voltas, contorna prédios, sempre oferecendo uma surpresa aos olhos do visitante . Esta torre de que falo acima, abriga o famoso relógio astronômico, que é uma peça belíssima (acostumem-se com os meus superlativos) datada do 1410. Funciona perfeitamente até hoje.


O prédio que mais me encantou em toda Praga e que se localiza na Old Town Square, foi a Igreja de Nossa Senhora antes do Tyn (tradução direta, não sei do que se trata). Mas o edifício, que data de 1350 é desconcertantemente belo. Eu ficava parada diante dele acreditando que tinha caído em algum livro do Harry Potter, ou em outra história de bruxas e mistérios (tão bem exploradas nesta incrível cidade). Não é possível que um prédio medieval esteja tão preservado e tão presente, tão pulsante na vida daquela cidade nos dias atuais. 

Diante desta igreja, bafejada também pelo milenar censo estético encontra-se a árvore de natal da cidade. O efeito de luzes sobre ela é o mesmo da neve caindo. Não sei como os comerciantes de Paris, Londres ou N. York ainda não copiaram. A fotografia  não retrata o real,o brilho e o movimento. Pena, pois gostaria de partilhar essa visão com todos voces.

 Retornando à Igreja do Harry Potter ou melhor, de Nossa Senhora before Tyn, posso afirmar que a arquitetura é de livro de ficção,  não é de realidade.  E com a visão do mais deslumbrante  edifício de Praga  eu faço um ponto final por hoje. Ainda posso retornar ao assunto se me lembrar de informações úteis para passar a quem pretender viajar para a mais bela cidade do mundo.
Com as temperaturas oscilando entre menos 17 e menos 6 de madrugada, e menos 6 e mais 1, à tarde fomos voltando devagar à realidade. No dia do retorno uma grande nevasca se abateu sobre Paris, nossa escala, já que viemos com a co-imã da KLM, a Air France. Ficamos  retidos  toda a tarde no aeroporto Charles De Gaulle.
Ah! E a mala? Bem, chegou uma semana depois, aqui em Londres, as 11,30 da noite de um sábado gelado.
Mas o que importa, não é mesmo? Que falta me fizeram  as roupas que não usei, ou o tempo que gastei em Paris, confinada no aeroporto vendo a neve cair em flocos lá fora?....Nada se compara ao encantamento e a paixão avassaladora que me assaltou, pela mais impressionante cidade que visitei. Foi o pó..o pó mágico que me contaminou, o pó do tempo e do mistério que impregnam cada pedra desta  deslumbrante cidade injustamente chamada de Praga.

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