quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

PORTUGAL, CHEIO DE ENCANTOS E BELEZA


Já lá se vão 36 anos que fizemos nossa primeira e única viagem a Portugal. Perdemos muito com isto, agora que nos damos  conta. Terra encantadora, belas paisagens, entretenimento, história, comidas fantásticas e o que falar do vinho, então?!A culinária é refinada, cheia de aromas e de um paladar pouco visto pelo mundo afora. Comendo simplesmente  um pão ou empapando-se com um almoço completo de bacalhau ou outra iguaria, você vai entrando na alma lusa, na sua cultura milenar, nos seus costumes peculiares. É uma verdadeira viagem  pelo mundo das delícias do paladar. O povo , como em todo os lugares, tem comportamento variado. Das mulheres  de língua fácil da periferia aos  mais pedantes, no entremeio você se depara também com pessoas cultas, educadas, atenciosas e muito interessantes, antenadas com o mundo sem perder suas sólidas raízes.
Como todo país colonizador, hoje Portugal recebe imigrantes das suas ex colônias. Um preço que eles parecem não estar muito dispostos a pagar, haja vista certa intolerância  , principalmente ao povo africano que lá vive. Os dentistas brasileiros sentiram isto na pele também, embora num contexto mais corporativista que xenófobo.
Estamos aqui a passeio, mas não é possível deixar de observar comportamentos também, daí meu comentário.

LISBOA - velha cidade , cheia de encantos e beleza...como já cantava o fado, apresenta-se como um verdadeiro laboratório de pesquisas ao visitante. Não vai faltar o que descobrir e o que ver na empolgante Capital Lusa. Construída sobre 7  colinas, como Roma , cheia de altos e baixos, tem transporte urbano dos mais interessantes para o turista. Desde os velhos bondes que ainda servem à população, funiculares para vencer as escarpas, a  elevadores e teleféricos. De cada um se descortina um ângulo, que realmente agrada e surpreende. Telhados casarios, muitas igrejas, prédios palacianos, ruas estreitas, escadarias. Venha conhecer um pouco dessa Lisboa que eu vi.
ao fundo o Rossio, Teatro D. Maria II

O deslocamento entre bairros e para  mais longas distâncias é feito de metrô e trem. Um meio ágil, mais moderno  e seguro para cruzar a cidade ou ir à periferia, como nos grandes centros europeus. Ônibus de linha em geral o turista não usa, mas são disseminados por toda a cidade  e as informações são fáceis de serem solicitadas  por causa do idioma. Mas não se esqueça: parada de ônibus por lá é "paragem". Há umas diferenças... 
Começamos nossa releitura de Lisboa pela Estação do Rossio, uma encantadora construção de estilo neomanuelino. Na mesma praça situa-se o Teatro Nacional D. Maria II ( aberto à visitação guiada às segundas-feiras, às 11,30 am e requer agendamento prévio). Seguindo rumo norte, chega-se à Praça dos Restauradores, igualmente recheada de belos prédios históricos. Ali está situado o Palácio da Foz, em cujo salão de espelhos você pode assistir a um recital de piano, com entrada livre. Consulte a agenda. Siga para  o Bairro Alto. Você poderá acessar pelo elevador da Glória ( construído em 1885), que liga Restauradores ao Bairro Alto ou mais à frente, a partir do Rossio por funicular.  

 Veja acima o mapa do centro, se der, ou procure no Google.


 Chegando à colina encontramos o Miradouro São Pedro de Alcântara que nos forneceu uma bela vista da capital Portuguesa.


 Chovia, o que foi uma surpresa,  pois Lisboa é conhecida  como uma cidade ensolarada. Mais agradável passear sem chuva, com certeza. Ainda bem que não estava frio. A primeira parada para visita foi a bela igreja de São Roque, que fica no Largo Trindade Coelho, 1200 Bairro Alto. É uma igreja Jesuíta cuja construção foi iniciada em 1590 e o  término das obras em 1619 e é dos poucos prédios que sobreviveram em bom estado ao terremoto de 1755.  Cheia de belas e luxuosas capelas com seus santos policromados, a  mais imponente é a de São João Batista, do século XVIII.


As paredes são cuidadosamente enfeitadas  sendo o trabalho feito com pedras nobres ( mármores e granitos).
A chuva ainda não tinha passado quando fomos caminhando para os lados do Chiado, bairro que fica nas proximidades. Este é um local de entretenimento , que reúne a juventude  e que tem muitas atrações, como o famoso Café "a Brasileira". É nele que se pode ver a estátua de Fernando Pessoa , em bronze, sentado a uma mesa. Fernando Pessoa tinha muitas ligações com o bairro, porque nasceu nesse local, num edifício defronte ao Teatro S Carlos, no Largo do mesmo nome. O São Carlos é o único teatro de ópera de Lisboa. Por ser uma efervescente zona cultural o Chiado possui além desse, outros teatros, como o Teatro S. Luiz e o  Teatro da Trindade.
Como igreja é o que não falta em Portugal , no largo do Chiado também é possível apreciar  duas igrejas barrocas: a Igreja do Loreto e a Igreja de Nossa Senhora da Encarnação, sendo esta última valorizada pelos azulejos, tão característicos no casario lusitano e nas suas colônias.
Museus também os há por ali. Obras do século XIX podem ser vistas no Museu do Chiado, como é conhecido o  Museu Nacional de Arte Contemporânea.
De lá, já com a chuva amainada, seguimos para o complexo do Carmo. que fica entre o Chiado e a Baixa Pombalina. No belo Largo do Carmo ornado por  jacarandás, existe um chafariz do século XVIII, chamado de O Chafariz do Carmo. Lá também se localizam as ruínas do Convento do mesmo nome, onde atualmente está sediado o Museu Arqueológico do Carmo.


 Todo este complexo sofreu  danos e encontra-se parcialmente destruído em razão do terremoto de 1755, que atingiu drasticamente Lisboa e especialmente esse bairro. Houve uma tentativa de sua reconstrução, durante o reinado de D. Maria I, mas o projeto foi abandonado com a extinção da ordem dos Jesuítas. O gosto por ruínas, que passou a prevalecer no período romântico, fez com que a bela igreja gótica ficasse no estado em que o terremoto a deixou. Lembranças de um tempo. A título de curiosidade podemos citar que ao seu lado, encontra-se o Quartel da Guarda Nacional Republicana, famoso pela sua logística na Revolução dos Cravos ( 25 de abril), que derrubou o regime ditatorial imposto por Oliveira Salazar, o qual  vigorou por mais de quatro  décadas.
Logo a seguir está o famoso ELEVADOR SANTA JUSTA, que liga o Carmo  à BAIXA.

vista a partir da passarela que liga o Carmo ao Elevador Santa Justa

O Elevador é outro ponto de visitação importante para o turista, porque trata-se de uma obra projetada por Raoul Mesnier de Ponsard,  discípulos de Eiffel ( da famosa torre de Paris). Hoje há muitas reformas  no entorno, que ficam protegidas por tapumes. Acredito que seja algo ligado à restauração de prédios históricos, em elevado número naquelas redondezas.
A BAIXA POMBALINA
Alcança-se a Baixa pela Rua do Ouro. E dali já se descortina o Rossio, com sua famosa Praça onde se encontra a imagem equestre de D. Pedro IV de Portugal e I do Brasil.

E aqui demos uma parada para uma degustação na Pastelaria Suíça, cujos doces e salgados são especialmemte saborosos. O lugar é bem interessante para ficar num gostoso papo,com mesas na calçada, delimitadas  por um toldo ou no seu interior  charmoso, também com vista para a agitada praça.
Depois do rápido lanche, fomos conhecer a famosa Ginginha. Uma bebida alicorada, feita  de cereja, muito saborosa. Dizem que depois de tomar a primeira você tem que ir aos dezenove bares que vendem a bebida para eleger a que mais gostou. Melhor não seguir o conselho..senão não vai conseguir visitar os pontos turísticos, que são muitos. Sabe como é bebida doce....

Esta região da Baixa ( em largas linhas delimitada pelo morro do Carmo, Castelo de São Jorge e Rio Tejo)  surgiu após o terremoto e foi construída prevendo sismos. Inclusive as edificações foram submetidas a tremores (tropas em marcha) para ver se suportariam outra catástrofe natural, que felizmente não se repetiu . Muito bem planejada as ruas são planas e distribuem-se perpendicularmente  até a margem do Rio, tendo como eixo central  a famosa Rua Augusta.
 Lindamente calçada a Rua Augusta começa nos Arcos,

 



 também conhecido como o Arco do Terreiro do Paço.

Terreiro do Paço


 Ao longo da via existem bares e restaurantes, mesas nas calçadas, comércio, enfim um ambiente urbano dos mais agradáveis, onde você pode parar para fazer compras ou somente para levar um souvenir.   


 É possível subir ao alto do Arco, através de elevador e escadas, pagando-se quantia módica. A vista que se descortina do seu topo é das mais belas, com o Rio Tejo a correr ao longo do Terreiro do Paço , de um lado,



e do outro a famosa rua com seu calçamento artístico , de encher os olhos.

 




Rua Augusta
 

A parte superior do belo monumento tem, além de uma vista estonteante,  obras de arte do escultor Calmels, a "Glória coroando o Gênio e o Valor".

Sino no Alto do Arco

 
 Agora , descendo pela Praça do Comércio , já tendo o sol aparecido a visão é realmente muito agradável. O local, conhecido por vários nomes, um dos quais  Terreiro do Paço, vem da existência do antigo Palácio Real situado naquele local. O Palácio que datava de 1511 existiu até o terremoto.
Terreiro do Paço
 
Seguindo pela Rua da Alfândega dê uma parada na Igreja da Conceição Velha, que se destaca pelo seu portal manuelino.


 
belíssimo portal manuelino da I da Conceição Velha
 
 No final dessa rua encontramos outra obra de relevância , inspirada no Renascentismo Italiano, a CASA DOS BICOS.Hoje Fundação José Saramago. A construção data de 1523, as facetas dos bicos são em claro/escuro o que lhe dão um destaque especial naquele conjunto arquitetônico tão diverso do estilo das casas do entorno.
Casa do Bicos
 
 
Da Casa dos Bicos, voltamos pela Rua dos Bacalhoeiros , pegamos à direita a Rua da Padaria  e novamente à direita a Rua de Santo Antônio para alcançar o Largo da Sé. Lá , vizinhas duas famosas igrejas. A da Sé e a de Sto Antônio. Sim a famosa Santo Antônio de Lisboa. Se está querendo fazer um agrado pro santo, visite também o seu museu, que fica na lateral da igreja. Neste local teria sido a casa de Santo Antônio. Pela Sacristia você pode chegar à parte não danificada pelo terremoto. Mas fachada e interior tiveram que passar por uma reconstrução.
 
 

escadarias da I de Sto Antônio de Lisboa
Falaremos agora um pouco da Catedral da Sé, também chamada de Santa Maria Maior. Datada de 1150 foi construída sobre uma mesquita após a retomada de Lisboa aos mouros. Passou por reformas que lhe descaracterizaram o estilo, tendo sofrido também os danosos efeitos do terremoto. As portas são de madeira maciça, com aldabras. Internamente há belos azulejos, uma arte inigualável dos portugueses.

aqui, na curva do caminho a bela Catedral da Sé

A fachada é romântica, o claustro gótico A Capela-Mor de estilo neo- clássico abriga os restos mortais do Rei D. Afonso IV. Logo na entrada pode-se ver a pia batismal de Santo Antonio, e os azulejos decorativos referentes ao evento. Há mais que ver do que a Igreja, se você se dispuser a pesquisar no Claustro e nos Tesouros ( cujas entradas são pagas).
Como se vê já chegamos à ALFAMA. Bairro que se estende ao longo de uma das colinas e que culmina no Castelo de São Jorge.
Vale a pena passear sem compromisso pelas ruas estreitas e sinuosas. Mas cuidado. Nunca me esquecerei que fui atropelada por um carro em alta velocidade numa de suas ruelas estreitas quando estivemos ali, mais precisamente em 1976. Lembro do palavrão que soltei e que me deixou ruborizada quando me lembrei que eles entendiam...
Vamos parar por aqui para não cansá-los ( rss) leitores. Prosseguiremos na próxima postagem com mais detalhes da nossa mais grata surpresa da viagem: Portugal. Até lá

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