segunda-feira, 13 de abril de 2015

DESCOBRINDO PORTUGAL

Numa típica manhã de outono começamos nosso passeio de carro para o interior. Seguimos pela auto estrada A8, que liga Lisboa a ALCOBAÇA


A cidade fica distante 92 Km da Capital. Banhada pelos Rios Alcoa e Baça, o nome,  dizem,  surgiu da junção de ambos. Na verdade, como não tenho pretensões literárias e meus escritos são minhas impressões de viagem.. posso ousar dizer que o nome me pareceu árabe. Contudo, uma coisa não anula obrigatoriamente  a outra. 

O tempo ventoso e ligeiramente frio não tirou o encanto da viagem.
A região , paisagisticamente,  é de grande beleza, tanto a natural de suas praias e serras, como aquelas que sofreram a intervenção das mãos humanas. É o  caso da plantação de pinhos próximos a Leiria, datada do seculo XII. A área agrícola, ali junto ao povoado também mostra a força e os encantos da terra, com seus vicejantes pomares e hortas. As vinícolas, os olivais, já na ponta da  produção agroindustrial fecham a amostragem, para que possamos afirmar sem medo que se trata de um pequeno paraíso. 

Integrada perfeitamente à paisagem estão as ruínas do Castelo. Não dá para separá-los mais, tal a perfeição desse casamento que dura cerca de um milênio, vez que historiadores apontam como sendo edificado pelos Godos. Reconstruído várias vezes sofreu os efeitos do terremoto de 1755 e desde então remanescem apenas suas ruínas. Como um belo pano de fundo , acrescentaríamos. 


ruinas do Castelo - free photos internet

Poderia ser um lugar pra lá de sossegado se não saíssem dos subterrâneos de sua história uma participação quase incompatível com seu tamanho. E dessa história emergem um patrimônio que a torna alvo da curiosidade e do interesse de quantos visitam o país. 
Há três coisas que eu chamo a atenção  e que são imperdíveis em Alcobaça:O MOSTEIRO,  O MUSEU DO VINHO e o restaurante ANTONIO PADEIRO. É claro que por lá existem outras coisas a serem vistas, como um passeio pela própria cidade e arredores da Igreja, os doces conventuais e outros restaurantes,  museus e igrejas os quais não pude conhecer todos,  pela minha limitação de tempo. 

  
Vamos primeiro ao MOSTEIRO:


Mosteiro de Alcobaça

O maior atrativo porém é o  Mosteiro de Alcobaça. Um prédio monumental composto da igreja, que está centralizada em relação ao extenso edifício destinado a ordem religiosa e suas atividades. Foi a primeira igreja gótica construída em Portugal, sendo alçada a condição de patrimônio da humanidade pela UNESCO. e uma das sete maravilhas de Portugal. Acidentes naturais e reformas alteraram-lhe as feições ou agregaram mais edificações. A Igreja mesmo, contém vestígios do gótico inicial, mas o conjunto já perdeu esta característica. É contudo e  inegavelmente de grande beleza plástica. A fundação da Abadia pelos Monges Cestercienses data de 08 de abril de 1153. É considerada a maior de Portugal. À entrada existe um belo Portal do século XIII, e nos nichos laterais as estátuas de S Bernardo e São Bento.O corpo principal é amplo, compõem-se de 13 capelas, teto em forma de abóboda. No transepto diante um do outro encontra-se a verdadeira jóia desse tesouro arquitetônico:  os túmulos de D. Pedro I de Portugal e de Dona Inês de Castro.
tumulo de D. Inês de Castro

É impactante ver-se o testemunho desse amor que transcende o tempo. Um grande amor que se perpetuou nesse belo templo, uma forma de dizer:  até a eternidade! Vale ali uma longa e respeitosa parada para apreciar as obras de arte dos jazigos e e refletir sobre os caminhos tortuosos desta vida, os seus  encontros e os seus desencontros, mesmo entre as classe mais abastadas. Do vasto prédio, além da solene igreja você pode visitar outras partes, como o Claustro, a Sala dos Túmulos, o Capítulo, o Refeitório e a Sala dos Reis.
 Saindo do imponente imóvel, há uma grande praça, que na ocasião era usada por alguns skatistas. Tudo amplo e fácil atraindo os pais com seus  bebês para brincarem de triciclos. Um lugar de lazer para a população local. 
Do outro lado tem-se uma agradável visão da rua com seus bares e restaurantes, sombrinhas que protegem as mesas nas calçadas. Um espaço pra lá de alegre e convidativo.Que tal sentar e jogar conversa fora saboreando uma ginjinha, acompanhada de saborosos petisco? Seria o ideal se não tivéssemos tanto a ver, Só nos daríamos aos prazeres da mesa no restaurante famoso e previamente escolhido, do qual falaremos adiante.
Contornando o belo complexo do Mosteiro, passamos por praças com amplos e frondosos plátanos, projetando sua sombra sobre o passeio. O casario antigo e austero sempre com algum traço peculiar agregava mais informações sobre o espírito do local. 

Hora do almoço.Fome e gula apertando Agora sim, uma grande escolha. Aviso porém,  que meu blog não recebe qualquer subsídio de quem quer que seja. Ainda não é explorado economicamente. Portanto minha opinião é absolutamente imparcial e reflete tão somente o meu gosto pessoal e minhas experiências ao longo das viagens que venho fazendo.

              O RESTAURANTE ANTONIO PADEIRO. 


entradas


Aqui eu diria, os portugueses me pegaram definitivamente pelo estômago. Rendi-me aos seus encantos e as delícias de sua boa mesa. Minha irmã havia previamente escolhido esse restaurante para nos apresentar as delícias de Portugal. Ao relembrá-lo sinto sinos tocando, anjos cantando. Aleluia! Digam o que quiserem os amantes de certas comidas insípidas, mas eu realmente não troco nada por estas cheias de sabores, cores e aromas. Aprecio muito esse tipo de restaurante,jeito familiar, local de encontro de amigos , jovens ou menos jovens, conversa leve às vezes íntima, comida farta e regada a bom vinho. Um bom programa pra qualquer dia da semana.
  

Mas vamos ao cardápio, devem estar curiosos.Os seus pratos são os da cozinha regional.Eles servem Cozido à Portuguesa, Açorda de Camarão ( tigre) e bacalhau,Cabrito ao forno, sempre com excelentes acompanhamentos, dentre outros. Ficamos enfeitiçados pelas entradas, que seriam suficientes para que passássemos felizes o resto do dia. Aninhados numa cesta uma variedade saborosa de pães, inclusive de alho. A rica tábua de frios trazia patê de salmão defumado, geléia de tomate, azeitonas pretas recheadas, presuntos e outras delícias. Pergunto: por que isto precisa ser entrada? Não pode ser entrada, prato principal e sobremesa? Bem a resposta veio com o pedido dos pratos quentes: Porco preto com maças para as damas  e Açorda de Bacalhau para os cavalheiros. 
Sim...um assado no ponto, uma carne tenra... Chega né? Não, ainda tem a sobremesa: trouxas de ovos e aqueles doces ditos conventuais, coisas que minha avó fazia muito bem. No entanto os achei muito doces.


Poderia ter ficado somente na comida, um cafezinho e um Porto para encerrar.  Tenho certeza amigos que vocês vão levantar da frente do computador, tablet, Iphone ou outro aparelho qualquer que estejam usando agora e começar a procurar roteiros por Portugal depois desse meu testemunho. Duvido que resistam aos apelos da boa cozinha portuguesa. 
Quem aprecia os prazeres da gastronomia tem que correr no encalço da bebida que melhor a acompanha e procurar inteirar-se para fazer a harmonização dos dois elementos. Lembre-se esta é uma região vitivinícola de área controlada. E o próximo passeio seria então ao: 
                              
                        MUSEU DO VINHO 


free photos internet


que está localizado à Rua do Olival Fechado, 2460-059.Logicamente você deve retornar ao hotel e fazer um cochilo. Tirar a sesta, faz parte do conjunto da obra. Divida seu tempo para depois apreciar o museu.  Este museu tem um acervo  considerado um dos mais completos de Portugal.Daí ser considerado um museu nacional. Possui cerca de 8500 peças em exposição, todas relativas ao mundo da  uva e do vinho. Instalado numa antiga adega, mostra o interesse local em aperfeiçoar a qualidade dos vinhos, interesse este que levou o agricultor seu proprietário a comprar maquinário de ponta quando outras localizades ainda usavam métodos mais rudimentares. Ali também é possível ver objetos correlatos como a tanoaria, envazamento, rotulagem, embalagem etc...Para você amante do vinho é uma visita prazerosa e que agrega conhecimento. 


                    PASSEIOS PELOS ARREDORES DE LISBOA

Outra manhã, saímos de Lisboa para uma visita a Sintra, iniciando pela  PRAIA DAS MAÇAS e voltando pela Vila de SINTRA.



Para os brasileiros com este litoral tão extenso e praias com quilométricas extensões e largas faixas de areias, a Praia das Maças pode parecer um balneário meio acanhado. Mas tem-se que olhá-lo pelo seu conjunto. A praia é limpa, águas frias, mar aberto, pouca extensão de areia ( cerca de 250m). Mas há uma vista muto linda de sobre o penhasco, onde as ondas batem ferozes nas escarpas, proporcionando um belo espetáculo ao visitante. É uma localidade com bares e restaurantes que atraem os lisboetas nos finais de semana do verão. Mas nos dias normais é sossegada e recebe majoritariamente moradores de Colares e de Sintra. Ali as opções de comida são variadas,também.
É ligada a Sintra por um bondinho que trafega vagarosamente e que permite uma visão muito agradável de todo o percurso de  belas casas e  muita área verde.


Se for a Praia das Maças e quiser ir a Sintra deixe o carro no estacionamento e vá realizar este passeio que é bem mais interessante do que ir de carro.Volte com o mesmo transporte. 

                       SINTRA

A cidade de Sintra tem características diferentes de Alcobaça. É mais concentrada, envolvida pela serra , os caminhos são tortuosos e todo aquele frescor sentido vem das suas matas. Local onde nobres, políticos, escritores e pessoas de influência ou dinheiro tinham (em tempos imemoriais) ou tem suas casas. Ainda há vestígios arquitetônicos das belas mansões e quintas. Mas é marcante a passagem árabe por ali. 
Assim é o Castelo Mouro, ruínas de uma antiga fortificação que contorna e serpenteia a serra. Se foi estratégica sua construção para servir aos interesses do dominador da época, hoje atrai os turistas que querem ter uma visão privilegiada de todo o entorno.
Já no coração da Vila o PALÁCIO NACIONAL é outra edificação que mantém traços da cultura do meio-oriente. As janelas da fachada são a melhor confirmação do que estamos dizendo.




Dois enormes chaminés a partir da cozinha imprimem personalidade ao edifício.Dizem que servia para escoar a fumaça de grandes assados, como os animais que eram caçados nas redondezas da propriedade.  No seu interior há também coleção mourisca de  azulejos,  além de obras de arte de várias procedências. Como foi o palácio de verão de muitos soberanos as reformas e melhorias que lhe foram implementadas marcaram a passagem dos soberanos e das tendências arquitetônicas das épocas respectivas. É um local de visita obrigatória. Seu endereço é Largo da Rainha D. Amélia, Sintra.  
Os seus arredores merecem uma caminhada. Em volta há estacionamento. O comércio local além do bucolismo do casario e das ruas e vielas estreitas revestidas de paralelepípedos, possui uma fartura de belos objetos para aquisição, como tecidos, antiguidades, arte e artesanato. 

Também as comidas são famosas, principalmente os doces. Ah os doces portugueses...Vá à famosa Casa Piriquitas ( Rua Padarias 1/7) e não deixe de experimentar as travesseiros e as queijadas ( ovos com canela). Se não comer não esteve em Sintra.São receitas bem típicas desse local. 
Depois desse passeio vá visitar o PALÁCIO DA PENA, um castelo mandado construir por D. Fernando, II e que fica no cume da Serra de Sintra, com uma magnífica vista, de onde é possível descortinar a paisagem até Lisboa, em dias claros. O estilo é  eclético, mas agrada aos visitantes.  Um conto de fadas. 


free photos internet Paácio da Pena
Se ainda sobrar tempo e estiver de carro siga para Lisboa e dê uma saída para ver o PALÁCIO DE QUELUZ, que fica no meio do caminho , a 15 km da Capital. 
free photos internet Palácio de Queluz

A impressão é de um palácio francês, com aqueles belos jardins geométricos, ornado por fontes e estátuas. Dizem que se assemelha a Versailles mas,  em bem menores proporções, tendo no seu interior, igualmente ,  uma bela sala de espelhos. Ali você pode apreciar o quarto de Carlota Joaquina e os aposentos do seu filho D. Pedro I, nosso Imperador, que nasceu no palácio. Antes de embarcar para o Brasil a família real esteve abrigada nessa propriedade. o ano era 1807. 
Desta vez não visitamos nem Cascais nem Estoril, que com Sintra completariam a chamada Riviera Portuguesa.  Mas um dia voltaremos. Há muito o que ver ainda.... Não pense que o país sendo pequeno poderá ser esquadrinhado em uma só viagem. Nos vemos brevemente, ainda em Portugal na próxima postagem. 

Um comentário:

  1. ...saber transmitir assim, só quando o olhar para belo é feito de coração...

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