segunda-feira, 20 de abril de 2015

VOILÀ PARIS



No aeroporto de Lisboa nos esperava para as despedidas a Eugênia, irmã do meu cunhado. Ainda houve tempo de um almoço em sua companhia e falar sobre o Brasil, que ela já conhece de várias viagens que aqui fez. Dissemos a ela: É..., Portugal vai deixar saudades e por isto quem sabe, já podemos planejar a próxima visita.
O vôo no meio da tarde para Orly, levou duas horas, mas pelo fuso horário chegamos a Paris já noite. Não ficamos em hotel. Todo este trajeto a partir da França, as escolhas e reservas ficaram por conta de minha sobrinha. Como minha irmã morou lá por dez anos,  ela alugou um apartamento achando que seria mais familiar para os pais e todos. Achou que ficaríamos mais à vontade. O bairro foi o de  Marais, O apto era amplo com uma agradável vista para a vizinhança. O prédio com telhas de ardósia e amplos janelões. O apartamento tinha um amplo banheiro, sala, mezanino e cozinha bem equipada, inclusive com uma excelente máquina lavadora e secadora de roupas. O único eletrodoméstico que usamos. Afinal não fomos a Paris para perder tempo com trivialidades. 
Na verdade eu prefiro hotel. Todos preferimos, mas valeu pela experiência. Ficamos na vizinhança da  estação do Metrô, fator que favorece  a vida do turista, porque lá muitos dos passeios, senão em sua maioria, faz-se usando este meio ágil de transporte. Diga-se que o Metro  de Paris é dos mais antigos do mundo e  a cidade é muito bem servida de trens, cuja rede é das mais completas e de fácil acesso a qualquer ponto da cidade. O trânsito de superfície , por outro lado não é convidativo. Muito confuso. Já usei carro e não recomendo, a não ser quando se tem  motorista. Aí o problema do trajeto a escolher e do local onde estacionar ou parar passa a ser dele. Já tive esta experiência e foi das mais prazerosas, claro! Conforto é tudo.





 Uma recomendação. Não se irrite com os  parisienses. Eles  parecem estar menos ranzinzas agora. Paris é do mundo, Paris é sua. Paris está mostrando que ser intolerante não traz benefícios. Se é uma cidade turística por excelência seus cidadão tem que se conformar com isto,  afinal eles vivem lá e ganham muitos dos benefícios que o turismo propicia. Têm pois que  aceitar que a cidade é linda, um charme que agrada todas pessoas de diferentes culturas desde tempos imemoriais. Falo isto porque ouço falar de algumas hostilidades, mas na verdade fomos muito bem tratados por todos, principalmente pelo simpático chefe de Estação de Marais, onde circulávamos diariamente. 
Então nos soltemos em Paris e vivamos tudo que ela tem para oferecer.
Mas aviso que não vou falar muito da cidade luz, porque já estou de malas prontas pra lá de novo e pretendo trazer tudo atualizado para você leitor. Aguarde!
Mas nós juntos vamos fazer uma passagem pelos lugares imutáveis,aqueles de visita obrigatória.
É o caso de  
       MONTMARTRE  - ÉGLISE (IGREJA) DE SACRE COEUR DU MONTMARTRE



Chegando de metrô (Anvers - linha 2) você vai andar um pouco até pegar um das ruas que levam à Igreja e à Place des Tertres. Na rua principal fica o famoso Moulin Rouge, mas nas simpáticas  ruelas tranversais,  um farto e alegre comércio  turístico pode lhe interessar. Vendem toda a sorte de objetos e utensílios para  casa e outros souvenires, luvas, gorros, echarpes etc..
Ao chegar ao pé da colina, há várias opções para galgá-la. Vá pelas escadarias, como a maioria, e aproveite para  apreciar as belas vistas, a medida que vai subindo. Mas você pode ir de carro ou ainda utilizar-se do  funicular, numa viagem íngreme e curta. Se  tiver dificuldades de locomoção este é o melhor meio.
Com  sorte, ao chegar à igreja,  poderá assistir ao canto  coral das irmãs do convento, que pela sua delicadeza enchem a nave de sonoridade e magia.Angelical.

Saindo da igreja e caminhando para o seu lado esquerdo e ao fundo, terá acesso à Places de Tertres, onde se encontram os restaurantes com seu toldo vermelho, flores e mesas nas calçadas e os artistas com suas irresistíveis obras no centro da pracinha. Se gosta de obras de arte, sempre dá para garimpar alguma coisa interessante a bom preço.


Dali seguimos para comer no QUARTIER LATIN. Uma parada no meio do dia que vale a pena. É onde se come e se bebe bem e a preços razoáveis. Salut! Descemos em Saint Michel para ir caminhando e apreciando todas aquelas belezas a começar pela própria estação do Metrô.



Procurar um restaurante, onde há muitos charmosos, até se torna uma tarefa árdua, porém minha irmã conhecia um de comida marroquina e francesa e nos levou neste, pois estava saudosa do couscous marroquino que ali  servem muito  fartamente, deferente da maneira francesa de pequenas porções.



Nós nos ativemos aos pratos mais tradicionais, scargots de entrada, confit de canard, como principal, embora o couscous tenha entrado definitivamente no gosto dos franceses e é bem feito e bem saboreado no país Gaulês.
Depois do farto e saboroso repasto fomos caminhar nas imediações, que inclui o Boulevard Saint Michel com suas banquinhas de revistas, venda de selos, etc.. a beira do Rio Sena e na igreja de Notre Dame. 
O dia estava lindo e quente, aproveitamos para tomar um vento às margens do rio e apreciar os "turistas" no Bateau Mouche.

E assim, dia após dia daquela quente semana de setembro fomos visitando os principais monumentos, as obras mais emblemáticas da cidade, como o Arco do Triunfo e o Champs Elisée. Nesta região estão grande parte dos museus, avenidas, prédios e monumentos parisienses que todos que para lá viajam, obrigatoriamente têm que  conhecer. O Arco do Triunfo está colocado magistralmente  numa rótula de onde partem uma série de avenidas famosas, sendo a mais famosa delas e de toda Paris,  a Avenue des Champs Elisées.O Arco do Triunfo foi mandado construir por Napoleão Bonaparte em 1806. Um marco comemorativo das suas vitórias bélicas. 
Arco do Triunfo de LÉtoile
Nós vamos começar nosso passeio a partir do Arco do Triunfo, mas o chamado Eixo histórico, com monumentos e grandes avenidas vai do Arco de la Defense até o Louvre, passando pelo Arco do Triunfo. Caminhar por Champs Elisée é  muito agradável. Todas as nossas referências culturais parece que provém dali, É um mergulho nos velhos livros de história. 
                               
                                CAMINHANDO PELA AVENUE DES CHAMPS ELISÉE





 Descendo esta magnífica via você vai passar pelas Ruas George V e Montagne, ruas dos grandes costureiros e maisons de moda,restaurantes finos e hotéis de luxo.  Se quiser dar uma olhadinha nas vitrines e nas elegantes ruas fique a vontade. Compras ali são para bem poucos bolsos. Do lado direito e já distante do ponto de partida você verá os belos  Petit e Grand Palais. Construídos para a exposição mundial de 1900 obedecem ao estilo des beaux arts, juntamente com a Ponte Alexandre III, sobre a qual falaremos adiante. O Petit Palais foi aberto como Museu em 1902 sendo linda e luxuosamente decorado com pinturas nos seus murais, belos vitrais, mosaicos, pedras, elementos em ferro forjado, ainda esculturas,  bustos e trabalhos decorativos em relevo. No seu interior há uma escadaria de grande efeito visual e o seu portal de entrada também é digno de nota. Já o Grand Palais, igualmente cuidado em todos os detalhes, tem a lhe acrescer uma cobertura envidraçada, que não era comum na época em que foi erguido. Hoje sedia o Palais de la Decouverte, e a Galerie National du Grand Palais, para exposições temporárias. 
Depois deles você vai sair  triunfalmente na não menos famosa Place de la Concorde. Uma praça com muitas histórias,onde foi levantada a guilhotina na Revolução Francesa ( ocorrida no início dos anos 1792)para a decapitação de membros da familia real,como a do   Rei Luis XVI e da Rainha Maria Antonieta. Além deles foram mortos a Condessa Du Barry, Lavoisier, Danton, Robespierre e mais de 1100 pessoas. 
Para esquecer os episódios sangrentos a praça, que aquela altura se chamava Praça da Revolução,  foi enfim denominada a Praça da Concórdia. Nela foram construídas duas belas fontes que ladeiam o seu mais incrível monumento: o Obelisco. Uma peça legítima,  vindo de Luxor, no Egito e presenteado pelo seu vice-rei  aos franceses em homenagem ao francês Champolion que decifrou os hieróglifos. A peça tem cerca de 3300 anos. Aproxime-se e veja suas inscrições, sua cúpula em forma de pirâmde, folheada a outro . 
Se resolver seguir em frente vai terminar essa trajetória nos Jardins das Tulherias e no Louvre.
Place de La Concorde e Obelisco
Vamos contudo, desviar um pouquinho do caminho e ficar  do lado de cá do Rio , na Rive Droite. Na Place de La Concorde ,pelo seu flanco esquerdo, entremos  pela  Rue Royale até a famosa Eglise de Madeleine. Nessa rua vamos encontrar lojas de luxo como a Cartier, também o sofisticado restaurante Maxim´s e o não menos luxuoso Hôtel Crillon. Entre na Igreja, desfrute do seu frescor (principalmente se for verão), aprecie a beleza da igreja que se parece com um templo grego, sua nave e  obras de arte e depois continue seu passeio.

Église de Madeleine -´em estilo Grego

Pela direita você prossegue no  Boulevard de  La Madeleine que algumas quadras depois muda de nome para  Boulevard de Capucines," et voilá": estará diante do famoso Ópera, o Palais Garnier.  Ir a um show de balé, música, teatro ou simplesmente fazer uma visita é uma opção que você tem. Acho particularmente,  que uma visita descompromissada ( que lhe custará uns poucos euros), fora dos horários de espetáculo, é recomendável, pois a beleza do prédio de estonteante. Mandado  construir por Napoleão Bonaparte, teve sua pedra fundamental lançada em 1861, sendo o término de sua construção em 1875. Este teatro serviu de  inspiração a famoso romance "O Fantasma da Ópera", escrito por Gaston Leroux. 
São de Espelhos do Opera

Do lado direito dessa que é  uma das mais belas casas de artes cênicas do mundo, você verá a famosa Galeria Lafayette. Não sei se seu bolso permite tomar um banho de loja neste local, cheio de grifes. Se não permitir vá assim mesmo para conhecer. Internamente o prédio é belo também. Como o berço da moda é Paris, vá inteirar-se das últimas tendências. 
Em continuação  pegue a Rue de L'Ópera,  que sairá novamente às margem do Sena, mais precisamente no Palais Royal - Musée du Louvre. Aqui se fecha  o triângulo que desenhou saindo da Place de la Concorde. 
Aproveite pra descansar no Jardins des Tuilleries ( neste local existiu o Palácio das Tulherias, que foi habitado por vários reis, como os Luízes e Napoleão). Porém com o incêndio de 1881 foi derrubado e já se fala na sua reconstrução para compor todo o conjunto arquitetônico do eixo histórico. Sente-se em um dos recantos do jardim e aprecie, sem pressa a vida passar. Descansou? Os próximos passos o levarão até  a Ponte Alexandre III.Fazemos um parênteses aqui para que você também gaste algum tempo vendo os ornamentos dessa ponte, considerada a mais bonita de Paris. Foi construída para a Exposição Mundial de 1900, juntamente com os Petit e Grand Palais, acompanhando o estilo de ambos. O nome foi em homenagem ao Czar da Russia Alexandre III e a pedra fundamental foi lançada em 1896 por seu filho, Nicolau II. Guie-se pelo rio. Vá margeando até encontrá-la. Não é longe. Esta ponte liga os Champs Elisées aos Invalides. 


Assim que cruzá-la o visitante já vai divisar o majestoso prédio da Assembléia Nacional. Também ali perto poderá ver o Musée DÓrsay, que com calma, tenho certeza, pensará em retornar para visitar. Trata-se de uma antiga estação de trem, transformada num dos imperdíveis museus locais. 
Mas o nosso objetivo maior aqui é encontrar o Túmulo de Napoleão e todo o complexo de prédios que o envolve. Você já sai da ponte na Esplanade des Invalides. Os Invalides são compostos  do famoso Hotel des Invalides ( que abrigava os combatentes das guerras e que ainda hospeda uns poucos), e  vários  museus, como o Musée de Plan Relief ( este é especial, com as cidades medievais em miniatura), Musée des Arts Contemporain e Musée des Armés. Na ponta oposta da Esplanada encontra-se a Igreja com o Túmulo de Napoleão. Muito bonito e solene. Antes porém de alcançá-la você irá passar pela rua lateral esquerda da Esplanada, rua que se chama Boulevard des Invalides. Numa bifurcação que prossegue com o nome de Rue Varennes, encontrará outro museu especial,  o RODIN. Nesse ponto há uma estação de Metrô com o mesmo nome. (Varennes).Também ali,  situe-se para poder retornar. 
Tombeaux du Napoleón - Invalides


Deste mesmo lado do Rio, ou seja, na Rive Gauche,  você vai encontrar outro icônico monumento que junto com o Arco do Triunfo, o Louvre, os Invalides é um dos símbolos máximos da cidade: 
                         
                          a TOUR EIFFEL 



Se ainda tiver pernas que aguentem uma caminhada retorne por onde veio e pegue a margem do Rio, para a esquerda e vá  até o Champs de Mars. Lá suba na torre, Delicie-se com a vista da cidade e arredores. Encontrará muitos turistas...As vezes até desanima enfrentar tanta gente, mas vale a pena, principalmente se esta for sua primeira viagem.
                         
                       O CHÁ DAS SEIS


E para terminar,  vou contar um episódio bem francês acontecido conosco. 
Tínhamos o convite para tomar um chá na casa de uma amiga de minha irmã, no elegante e charmoso bairro de Saint Germain de Prés, vizinho ao Les Deux Magots, Café de Flore e lojas de marca. Havíamos chegado de Portugal que tem outro fuso horário, sem atentar para ajustar os relógios. Uma hora a menos. Como achávamos que ainda tínhamos algum tempo passamos numa floricultura para mimar a francesa dona da casa com um buquê de flores. 


Mas levamos um susto ao chegarmos. A primeira coisa que ela nos disse, após os cumprimentos,  foi: "Mes cheries, Je suis desolée de vous dire, mas vous est en retard." Aí nos demos conta do fuso e do furo. Quase uma hora de atraso. Neste caso quem estava desolada éramos nós e muito envergonhadas. Tentamos explicar,parece que ela entendeu, só que não poderia deixar passar em branco esta observação. Mas posso dizer que tudo ficou bem. Os franceses falam isto tão naturalmente, riem e aí já emendam outros assuntos,  que você nem percebe que foi chamada à atenção. O chá estava "magnifique" com docinhos finos  e macarrons. E as flores adornaram muito bem a bela sala de visitas. 
Bem amigos, como disse foi  só uma pincelada da Cidade Luz, a próxima postagem de Paris,  ESPEREM, será breve. À bientôt. 
Que tal irmos antes a Berlim? Sigam-me.










Um comentário:

  1. ... já morei em Paris, já andei por Paris, já caminhei por Paris, já passiei por Paris, mas nada me trouxe e deixou tanto quanto conhecer Paris acompanhado pela "graça" do seu Blog...

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