quinta-feira, 22 de outubro de 2015

CHAMONIX, QUE MARRAVILHA!!!!!!

CHAMONIX via Saint Gervais - 9:32
 
ERROS E ACERTOS NA VIAGEM
 
 
A primeira dificuldade que o turista pode encontrar num domingo: todos os guichês fechados. Então tivemos que apelar para as máquinas. E elas emperram..as vezes você tem que refazer a operação em outra máquina. É..assim também é no primeiro mundo. Compramos logo ida e volta a St Gervais, primeira etapa ao preço de 62,80 Euros. O dia estava lindo, então nada de desistir ao primeiro obstáculo. A previsão metereológica era de que choveria a tarde, mas resolvemos arriscar, porque todos os demais dias seriam de chuva. Vamos ver se suportamos a diferença de altitude estimada em 3.834m, com ar rarefeito e sensação de cansaço. Vamos lá, sem esquecer de validar o ticket nas máquinas amarelinhas antes de ingressar no trem. Evite a multa!
Chegamos a St Gervais e não havia viv'alma na rua, ninguém para informar nada. Nós somos mesmo corajosos saindo assim "sem lenço e sem documento". O lugar é de beleza mediana, mas as montanhas em volta são estonteantes e em maio ainda estão belamente decoradas com sua camada de neve. 
 
 
Esta primavera tem cara de inverno brasileiro. Havia uma brasserie na estação com um pessoal preguiçosamente atendendo naquele domingo vazio, não informava nada. À noite ainda consultamos alguns blogs sobre o percurso, mas não havia informações seguras, nem sequer informações de como fazer. Se tivéssemos esta orientação talvez tivéssemos pego o trem que saiu em seguida, mas perdemos e o jeito foi esperar o próximo. Por isto vou ensinar o caminho das pedras, passo a passo.
 
 
COMO COMPRAR BILHETES NA MÁQUINA ESTRANHA QUE TEM COMO IDIOMA ÚNICO O FRANCÊS
 
Chegando em Saint Gervais Les Bains dirija-se às máquinas de venda de bilhetes, no saguão. Escolha "comprar" girando uma bola no painel e aperte o botão do meio, para confirmar a opção. Depois escolha comprar bilhetes "acheter billets". Na nova tela que vai aparecer há a destinação, acione o botão para determinar a estação de partida e vá para a tela do lado, selecionando Chamonix para destino, 2 bilhetes, ida e volta. Insira o cartão de crédito e faça a operação de pagamento lendo com cuidado na tela o que é pedido. O idioma é só o francês. Feito isto vá até o ponto em que está pendurado o quadro de informações digitalizado (como uma tela de TV) que dá os horários de partidas e chegadas. Em geral ficam penduradas no teto. Localize sua viagem e o número da plataforma (voie em francês). Vá para a plataforma com antecedência e não se esqueça de validar o bilhete nas maquininhas amarelas, com o escrito do bilhete voltado para cima e posicionado no canto esquerdo da máquina.
 
Simples assim. Será?
 
Depois deste intenso aprendizado tomamos o trem e foi possível apreciar uma paisagem de tirar o fôlego. Montanhas e matas, rios, pontes e cascatas, pequenos vilarejos até chegarmos finalmente a Chamonix, Estação Chamonix Le Blanc ( é possível descer do trem direto no Aiguille du Midi, na estação do mesmo nome).Preferimos ir até a cidade.
 
 
Ali também tudo fechado nem um posto de informação funcionando. Fomos seguindo placas, mas estava tudo mais fácil porque a cidade tem o seu centro ali mesmo perto da estação. Como as montanhas estavam ali mesmo não houve dificuldades para descobrir o percurso com este ponto de orientação gigante. O que procurávamos era o teleférico para o "Aiguille du Midi", situado no Maciço de Mont Blanc e local mais próximo ao pico do Mont Blanc. E ele se erguia com a cidade aos seus pés. Passeando e vendo a beleza das construções alpinas finalmente chegamos ao grande terminal de teleférico.
 


 COMO DIFERENCIAR O MACIÇO DE MONT BLANC E SEUS PICOS

Confesso que sempre tive dúvidas, achava que havia uma montanha com o nome e nada mais. Santa ignorância geográfica. Isto que dá menosprezar as aulas de geografia. Em rápidas palavras o Maciço de Mont Blanc é uma cadeia de montanhas que vai dos Alpes-Savoie à Itália, bordejando a vizinha Suíça. Mas existe sim  o Mont Blanc propriamente com 4834m de altitude, situa-se em território francês, junto à fronteira italiana e bem próximo da suiça. Da Suiça, principalmente do Lac Lemain (ou Genève)se tem das mais belas vistas de seu pico e encostas nevadas. É um show! Outro dos picos do Maciço é o Aiguille du Midi (onde estivemos, porque o acesso é integralmente coberto por teleférico). Desse maciço ainda se destaca o Mont Blanc du Tacul, o Courmayer (na Itália) dentre outros tantos,  bem elevados.


Para ir ao Mont Blanc é preciso agendar por email, você deve estar em excelentes condições físicas, porque só vai de teleférico até certo ponto e depois tem que encarar a pé uma subida adversa, com tempo instável e muitas dificuldades até seu topo. É preciso ser alpinista experiente porque as mortes acidentais lá estão entre os índices mais  altos do mundo (cerca de 100 por ano).
Há ainda um outro passeio por telecabine; parte do alto da Aiguille du Midi, cruza o  Glaciar dos Gigantes e vai até o Mont Hellbornne, na fronteira com a Itália. Mas este não estava funcionando, nem os elevadores que conduzem ao ponto extremo da Aiguille.

Mont Blanc - ao fundo

 
Bem, comecemos a aventura:  
 
 O bondinho partiu logo e nós correndo para pegá-lo fomos os últimos a entrar. Há duas etapas da subida. Até 2307 metros, onde os alpinistas descem para o começo da sua aventura e também os adeptos do parapente. Um imenso manto branco de nuvens tomou conta de tudo. Ficou aquele clima de montanha nevada, frio intensificando. No ponto de parada você desce para esperar o próximo bondinho para mais uma etapa da subida. No local há um bar, bem junto à encosta nevada, que serve de suporte aos desportistas e turistas. A segunda etapa está a 3777m, uma subida quase na vertical de 1470 m. 
Parada a 2307m
 
 
Local da primeira parada
 
 Tomamos novamente o bondinho. Aí a uma certa altura as nuvens se romperam e apareceu esplendoroso e radiante um céu de azul intenso com o sol iluminando tudo. UAU! Que sensação!
 
Acima das nuvens a caminho do pico
 
 
Sem ver o sopé da montanha  agora enxergávamos os picos cobertos de neve. Descemos na plataforma e nos encaminhamos aos mirantes (são vários os observatórios com indicações dos pontos mais altos do maciço). São ligados entre si  por escadas e passarelas. Dos mirantes se pode ver até a Itália, inclusive os Montes Jura. Vista com a qual fomos agraciados pelo tempo limpo e claro. Por outro lado pintavam a neve com suas roupas em tons vibrantes os adeptos do parapente e os alpinistas, colorindo o branco/azul daquela paisagem.
 
Picos e neves sob o céu azul
 
A Aiguille é uma ponta de rocha beige que se ergue como um sinalizador lá no topo.
 
Aiguille du Midi
 
 Já os glaciares, são um verdadeiro "rio congelado", com uma espessa e compacta camada de gelo,  que vem resistindo a toda a investida do homem sobre o meio ambiente. Mas como são de gelo e não de ferro estão diminuindo a medida que os anos passam. A tendência é desaparecer, com o aquecimento global. A visão é impressionante.
 
Glaciar e parapente
 
Continuamos o passeio subindo por escadarias, atravessando pontilhões e parando em cada mirante.
Passarela na montanha Aiguille du Midi
 
Interior da passarela
 
 
 
Mar de tranquilidade
 
 
Passarelas e estação do teleférico nas alturas
 
À medida que subíamos tudo foi ficando mais difícil. Lá no topo a pressão no peito era muito forte, cabeça leve, sensação de mareio e já começávamos a caminhar como bêbados, sem qualquer firmeza e equilíbrio. No últimos estágio a capacidade física parece que tinha chegado ao seu limite e sobreveio uma dor de cabeça daquelas!! Aqui encontramos um grupo de brasileiros do Nordeste.
 
Vista do mirante mais alto
 
 
Conexões na montanha
 
Procuramos o toalete e a experiência vale um comentário: a fossa é um buraco sem fim montanha abaixo. Não me pareceu que tivesse qualquer captação ou medida de saneamento. O cheiro era bem forte em toda a volta da estação do teleférico. Naquelas alturas dar uma destinação aos dejetos não deve ser tarefa fácil.
Bem... voltando aos mirantes encontramos pessoas fazendo pic-nic, sentadas no chão, sem camisa, lagarteando ao sol numa temperatura de - 3 graus C.
 
 
Mirante acima das nuvens
 
 
Aiguille e sua ponta
 
 
Num dos abrigos há restaurante, lojinha de souvenir e pequenos serviços como de apoio a alpinistas e esquiadores. Naquele momento em que estávamos num dos mirantes chegou um casal de esquiadores espanhóis, as roupas são lindas. Subiram naquela plataforma  e nós registramos o momento.
 
Escaladores
 
Depois de muito apreciar toda aquela beleza, era necessário descer e ver um pouco da cidade e principalmente se alimentar. Logo na rua que sai diante da estação encontramos um restaurante simpático  com flores no terraço e foi a nossa parada. As entradas (assiette de charcuterie de la Région du Savoie, ou seja,  frios, pepino em conserva com  molho de mostarda) estavam melhores que o prato principal, que ia um pouco além no quesito gordura. Um vinho é irrecusável principalmente  porque o frio se intensificava com o ventinho que soprava. Mas o sorvete de cassis  para coroar a refeição pegou muito bem.
Parada para o almoço
 
 Depois passeando pelo "Centre Ville", tenho a observar que não o achei tão arrumadinho como esperava.

 
Belo trompe l'oeil no centro da cidade
 
 
 
 
 
 Comparei com a nossa Campos do Jordão, bairro do Capivari e acho que este último não deixa a desejar, no confronto. Com a vantagem que o comércio fica aberto nos finais de semana e lá apenas lojinhas de souvenir. Mas alguns restaurantes funcionam até 22 horas e há opções para lanches como Mc Donalds e Subway. As lojinhas de aluguel de esquis e outros equipamentos de montanha também ficam abertas. Os preços são a partir de 80 Euros. No mais não se vê taxis, ônibus e informações de qualquer natureza. Indo a Chamonix no domingo prepare-se antes com mapas, guias e toda informação possível. Não confie muito nos eletrônicos, podem falhar.
A importância da cidade atraiu lojas elegantes, como a Chanel e outras de marca.  

 
Finalmente vale dizer que na estação de trem, tão bonitinha, as latrinas são um buraco no chão, tipo WC turco. Pode? Não combina com tanta sofisticação e com o charme da cidade.

Gare
 
Pelo menos é bucólico rss, para quem não precisa usar.
Estamos quase no fim da nossa viagem. Vamos encerrá-la com  uma ida a Genebra, que fica a aproximadamente 86 Km de Annecy. Outra aventura para depois de amanhã. Á Demain!
 

Um comentário:

  1. Que passeio lindo! Apesar das dificuldades, deve ter valido muito a pena.
    Todo dia eu peço a Papai do Céu pra que um dia eu possa usar todas as suas dicas de viagem. Quer dizer que as latrinas da estação são um buraco no chão, é? O que é isso, invasão chinesa???? kkkkkk

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