domingo, 14 de fevereiro de 2016

BUDAPEST III - parte final





Caminhar pela beira do Danúbio é uma das coisas mais prazerosas de Budapest, quer de dia quer de noite. À noite por causa da iluminação das pontes e monumentos.


Começamos o dia com uma visita ao Vigado Concert Hall, considerado um óasis de paz e elegância, além claro da plasticidade, tem a vantagem de estar voltado para o lendário rio.


Vigado Concert Hall


Mas hoje estava na programação uma outra visita muito esperada:ao MERCADO CENTRAL. Acompanhando as águas seguimos até a Ponte da Liberdade - Szabadzag Hid. De lá entramos à esquerda e um quarteirão após estávamos na Pça Fovam, diante do Mercado Central, chamado em húngaro de Nagy Vásárcsarnok. Fácil de memorizar...




o telhado lembra  o da Igreja Mathias. Cerâmica colorida, pedras e granito compões a fachada



O centenário prédio hoje faz parte do Patrimônio Cultural e Artístico da Hungria e tem uma longa história. Em ligeiras pinceladas a contaremos: depois de 3 anos de construção foi inaugurado em 15/02/1897. Seu planejamento foi feito pelo professor de Engenharia Samu Pecz. A fachada é revestida por uma cerâmica cor salmão e os telhados, em vários jogos, também possui desenho geométrico colorido. Não foi sem razão que recebeu em 1999 um dos maiores prêmios de arquitetura, o FIABCI Prix d´Excellence.


Tem 3 pisos, o subsolo e dois andares acima. No subsolo encontra-se carne, peixes , pickles e um supermercado. No térreo, após cruzar o majestoso portão, no estilo neoclássico, que se abre para um enorme saguão, encontram-se os box de verduras, legumes e frutas. Sustenta este enorme espaço aberto, uma portentosa estrutura metálica.



amplo espaço interior do Mercado Central



Escadas, em ferro, levam ao pavimento superior onde são vendidos souvenirs, petiscos e lanches. Dizem que os melhores artistas locais participaram da construção do grande Hall, onde é possível se descortinar a alma da hungria ( sua cultura culinária). De triste tem o fato de ter ficado seriamente danificado durante a Guerra, permanecendo fechado por um tempo até ser restaurado. 





escadarias que servem o segundo andar onde há farmácia, bar e lojas de souvenires e artesanato
Nos dias atuais voltou ao burburinho natural de uma casa de venda de alimentos. Aromas e cores se fundem para dar um belo e agradável espetáculo, mexendo com todos os sentidos dos compradores e visitantes.





Passear por entre os estandes e ao longo dos corredores não é algo que se faz rapidamente. Tudo chama a atenção e vale a pena ´ganhar´ tempo apreciando com muita calma.




A saída do prédio , que nos leva de volta à Pça Fovam, é também onde se inicia a famosa rua de compras e lazer, a VACI UTCA. No seu curso há vários antiquários e lojas de cadeias internacionais, como a Marks e Spencer, a H e M , a Promod, a Adidas, a C e A, a Mango, a Desigual, a Zara , a L'Occitane e outras. Há ainda uma galeria no subsolo,a Hungarian Shopping Market, cuja entrada, diretamente da rua é feita por escada rolante. Situa-se em frente ao Duna Csárda Restaurant e vende souvenires dentre outras miudezas. A rua é alegre, com vários restaurantes, bares e há boas lojas de vinhos e bebidas.






Se puder, compre o famoso Tokaj que fez a delicia da casas reais européias e ainda é dos melhores vinhos de sobremesa do mundo. Feito com as uvas Aszú de colheita tardia, é um vinho doce muito especial e de longa duração.É caro lá,também.

Os restaurantes da Vaci Utca ficam lotados com mesas nas calçadas, os clientes aproveitando as últimas luzes do verão. Não sei como será no inverno.



Depois de ver as comidas do Mercado e os cheiros das cozinhas ao longo da rua, bateu aquela fome. Saimos escolhendo e o fizemos muito bem. O Ristorante La Botte, um simpático restaurante, rústico, situado ao rés do chão, com aquela cara de cave ( 72 da Vaci Utca)foi logo atrativo. Sua entrada começa nas escadas que levam ao porão. Simplesmente adoramos a comida, a bebida e a decoração. Tanto assim é que repetimos algumas de suas idéias na parte subsolo da nossa casa, principalmente os nichos para bebidas, cavados nas paredes. Sua especialidade é de comidas italianas e húngaras.

La Botte - restaurante de comida italiana e húngara

La Botte Eestaurant

Saimos caminhando, bom para para fazer a digestão e queimar os excessos. De loja em loja, fomos apreciando o que tinha de bom para ver. A rua em parte é calçadão e em parte aberta ao trânsito. Terminamos o passeio na Vorosmart Tér, onde se localiza a famosa Confeitaria ( e Bistrô) Gerbeaud. Ainda voltaremos ali para o café da tarde, aguardem.

Fomos até a Deak Ferenc e lá tomamos a linha M1 do Metrô, que é das mais antigas do mundo. Só mesmo para conhecer . Bem interessante, as máquinas são reforçadas, madeiras trabalhadas e ferros artisticos, coisas mesmo do passado e sem o conforto que temos hoje nas linhas mais modernas, porém mais bonitos e fortes. É a linha Millenium e foi construída em 1896 para os mil anos da conquista Magyar. 


Linha M1 do Metrô - datada de 1896

Esta linha termina no Parque da Cidade. Este passeio preferimos fazer de ônibus da Hop On Hop Off, já que estar na superfície facilita a visão panorâmica da cidade e contribui para uma pausa nas caminhadas. Voltamos de metrô à Erszébet Tér e tomamos o ônibus ali na vizinhança. O percurso começou pela ANDRASSY UT (que tem seu marco inicial atrás da Basilica de Sto Estêvão) e liga a Erszébet Tér ao Parque da Cidade (Vorosliget). Percorremos toda a Andrássy que tem cerca de 2,5 km. Lembrem-se que debaixo dela corre a linha M1 que tínhamos acabado de visitar. A avenida,datada de 1872, além de longa é larga e chegando às suas últimas quadras é bem arborizada e mais espaçosa.







Foi tombada pela Unesco em 2002, como Patrimônio Mundial. Nas suas primeiras quadras fica a parte mais comercial, com hotéis e lojas de luxo ( Burberry, Cavalli, Ermenegildo Zegna, Gucci etc..) e também o Teatro Ópera e museus, como a CASA DO TERROR, o LIZST FERENC EMLÉKMÚZEUM e alguns hotéis. A Casa do terror foi a antiga sede dos nazistas alemães, no ano de 1944 e a seguir foi usada também pelos comunistas húngaros que os sucederam. Naquele local eram realizadas torturas, prisões e assassinatos e por isto foi transformado num memorial em homenagem os que sofreram ou tombaram ali.

Já o Liszt Ferenc é um Museu alegre que saúda a música e a vida do grande virtuose húngaro. A casa em estilo neo renascentista foi moradia do artista e local onde ministrou aulas, estando hoje expostos os seus objetos pessoais,dentre eles instrumentos e documentos . A bela edificação foi sede da primeira academia húngara de música. 



Palacio das artes



Depois da Kodaly Korond Ut, transversal da Andrassy Ut,  estão situadas Universidades e desse ponto até o final, há palacetes ajardinados, e duas embaixadas, terminando na Praça dos Heróis, na entrada do Parque da Cidade. O monumento é em semi-circulo, tendo ao centro um pedestal de 36m. de altura com o Arcanjo Gabriel no topo, segurando a Santa Coroa e a Cruz Apostólica. Aos seus pés figuras em bronze representam alegorias ao trabalho, ao Saber, à Glória e à Paz. À sua frente está o Túmulo do Soldado Desconhecido. 


Monumento aos Heróis erguido para os festejos do Milênio da consolidação da Hungria como nação

Nas laterais da rótula há dois dos museus, em estilo neo-clássico, mais famosos de Budapest: o PALÁCIO DAS ARTES e o MUSEU DE BELAS ARTES DE BUDAPEST. O primeiro não tem acervo próprio e expõe arte contemporânea de artistas, individual ou coletivamente.Já o segundo tem coleções permanentes, de arte internacional de várias escolas e períodos .Assim, é possível apreciar obras de Rembrandt, Velasquez, Monet, Manet, Renoir, Rodin, além de xilogravuras de Da Vinci, Rembrandt e Goya. Ainda há peças de arte antiga, do Egito e Grécia. 


Museu de Belas Artes de Budapest
 
O parque tem muitas atrações, além de uma bela área verde. Conta com piscinas termais conhecidas como Szechenyi, um anfiteatro Pecsa Music Hall, o castelo Vajdahunyad, o Zoologico e um parque de diversões. O seu belo lago congela no inverno e permite à população patinar no gelo. Como vêem há atividades em todas as estações.

Depois deste percurso o ônibus seguiu para a margens do Danúbio, passando por ruas e bairros, inclusive a Dohány U. onde fica a grande Sinagoga de Budapest,


 subindo na sequência para o Castelo de Buda. 


Ponte das Correntes - vista de Buda

O retorno foi feito pela Ponte das Correntes, pegando a grande Avenida Sto Istvan ( que ao longo do curso vai mudando de nome, como Térez Krt ) até o Oktogon onde cruza com a Andrassy Ut e termina o sight seen. 

Naquele mesmo dia sobrou tempo e espaço para o chá da tarde no GERBEAUD. Aleluia!! Bem... como temos a cultura do lanche com bolos no sul do país, para nós o lanche da tarde já é um costume. 

A GERBEUAD tem toda uma tradição, um nome e ultrapassou séculos, embora tenha quase sucumbido no período de domínio soviético. Enfim, se reergueu das cinzas e reabriu suas portas tornando-se um dos pontos mais procurados pelos amantes da boa mesa, quer sejam turistas ou moradores locais.


cafe da tarde no Gerbeaud


Como havia sol, ainda, ficamos no seu exterior, sob as sombrinhas. O interior do café é luxuso, com mármores coloridos em colunas , escadas e pisos. O banheiro situado no subsolo também guarda a mesma sobriedade e luxo do resto da casa.No entanto, o conjunto me pareceu um pouco pesado, com suas cortinas e móveis de época. 



Outro lugar que é fantástico para se fazer um chá é o NEW YORK CAFÉ do Hotel Bôscolo. O exterior e o interior são belíssimos e muito luxusos, que me lembrou Versailles, guardadas as devidas proporções, mas não é exagero, vejam as fotos. 



considerado o mais belo café do mundo o New York do Hotel Boscolo


Hotel Bòscolo

Num daqueles dias dias fizemos um passeio pela ILHA MARGIT ou MARGARIDA - como preferirem. Fica no meio do Danúbio, próximo e de fácil acesso ao centro da cidade. De barco, de ônibus ou de carro pode-se chegar ate a encantadora ilha jardim, mas lá dentro só entram pedestres. Local de lazer muito apreciado pelo seu parque de plátanos, pelas piscinas termais ( Platinus), pelas quadras de esporte, pelas ruinas de um antigo mosteiro do seculo XIII e pelos seus dois hoteis de luxo. O nome Margit foi dado em homenagem a princezinha, internada no convento ali existente por seu pai o rei Bela IV, em razão de uma promessa. Ela passou sua vida naquela Ilha desde os 9 anos e foi canonizada pela Igreja Católica . 

E com isto termino de contar sobre a Capital da Hungria, que vi e me encantou.Um conselho: não fique só tres dias como recomendado por alguns. Fique no mínimo dez dias. É muito agradável se conhecer cada cantinho daquela cidade linda.Os Sete dias que ficamos foram insuficientes....eu ficaria bem mais . Nos vemos em Praga, ou Praha ou Prague, como a chamam no nosso e em outros idiomas. Találkosunk ...ou "nos vemos"...

2 comentários:

  1. Nossa, que viagem maravilhosa. E que café!

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  2. Graça, como é bom viajar através de suas postagens. Parabéns pelo carinho com que dedicas esse Blog

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