quarta-feira, 3 de junho de 2015

BERLIM EM DOIS ATOS - PARTE 2



BAIRROS NOVOS


A POTSDAMER PLATZ está situada a sudeste do Tiergarten,  cerca de um quilômetro do  Portão de Brandemburgo. Originalmente não era uma praça, mas um cruzamento de avenidas e onde havia uma estação ferroviária,  Depois da guerra levantaram ali um muro, num amplo espaço onde as construções mais velhas já estavam demolidas, porque Hitler também tinha projetos para o local. O MAUER, como é chamado em alemão o Muro, surgiu cinza e ameaçador


com seus obstáculos e vigilância para que os cidadãos alemães não passassem de um lado para para o outro. O  paredão, que já projetava  uma visão de tristeza deixou  o local  imerso numa escura desolação. Mas como a opressão nunca dura para sempre, o Muro caiu e no seu lugar está sendo erguido um bairro pujante, bem moderno, desde a década de 90.
No cruzamento das avenidas reabilitadas fizeram uma réplica do antigo semáforo, de quatro lados, o primeiro da Europa,  no gênero. 






O bairro agora, expõe  um layout  diferente, porque cheia de arranha-céus de vidro e aço, seria uma Chicago reinventada, talvez...Dizem mesmo que a região sofreu influência americana. Lembrem-se que os Estados Unidos ocuparam  uma parte da cidade.Todo o entorno tomou novos ares e construíram no curto período hotéis de luxo como o Marriot, o Grand Hyatt,  o Ritz Carlton. O Sony Center na parte comercial tornou-se um local obrigatório de visitação pelo arrojamento de seu teto, em vidro. Ainda tem cinemas Imax, restaurantes, a Legoland e tantas outras atrações, imperdíveis principalmente pela design dos prédios. 
Nas vias laterais está encravado o Centro cultural musical da cidade, contudo este já havia sido pensado anteriormente a modernização do local. Hitler mandara demolir casas e sua área admistrativa para erigir no lugar a Grande Germânia, Do planejamento à conlcusão da primeira obra  decorreram décadas. O primeiro a ser construído e o que eu amo de paixão é o da Berliner Philharmonie, cuja inauguração ocorreu  em 1963. Encravado entre o Tiergarten e a parte ultra moderna da cidade e com entrada principal pela Herbert Von Karajan St, o teatro é obedece as exigência atuais para uma grande casa de espetáculos como aquela:  com a melhor acústica e o palco situado no centro do auditório, onde todos tem uma visão correta e próxima do show e dos seus ídolos.

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Ademais, ninguém poderia ficar atrás de pilastra tendo oportunidade de estar diante de SIR SIMON RATTLE (já tivemos a honra de tê-lo no Festival de Inverno de Campos do Jordão em julho do mesmo ano de 2014,),  o melhor maestro do mundo!!! Este aperfeiçoamente das casas de música teriam que partir mesmo da Alemanha, porque Alemanha  é  sinônimo de música, compositores e composições. A minha grande tristeza foi que apesar de ter comprado com antecedência os ingressos, confundi as datas e quando fui conferir já estava começando  o show. A viagem a Berlim para mim perdeu a graça naquele momento e eu não podia me lembrar disto durante a viagem sem que me  batesse uma dor imensa no coração. Ao retornar recebi os ingressos pelo correio, pois na reserva online,  o que eu dispunha era tão somente do voucher. Os ingressos são retirados na bilheteria.
Fazendo parte ainda deste centro cultural e edificados posteriormente à Filarmônica temos ainda a Galeria Nacional Nova ( datado de 1968), a Biblioteca Estadual ( 1976) , a o Museu de Instrumentos Musicais ( 1984) o Museu de Artes e Ofícios ( 1985), a Casa dos Concertos de Câmara ( 1987) , a Biblioteca de Artes e o Museu de Desenhos e Artes Gráficas ( 1992) e a Pinacoteca (1997). 
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Introduzida por este sentimento, estava preparada para ver os demais monumentos à dor.Um sentimento do mundo e não só de uma cidade, ao ver a destruição de uma bela cidade pela irracionalidade humana e tudo o que se seguiu depois com a guerra fria entre as duas potência mundiais da época EEUU e Rússia. 

                       MONUMENTOS AO HOLOCAUSTO

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É fato conhecido e notório, amplamente comprovado que os judeus que habitavam o país foram sistematicamente perseguidos e dizimados ao milhões sob a ditadura de Hitler. Durante a Segunda Guerra o mesmo aconteceu com  outras minorias residentes nos países limítrofes e que ficaram sob o domínio da Alemanha. Os atos de crueldade foram tantos e tamanhos que , apesar de restituídos direitos, não há o que apague essa mancha. Para realmente não esquecer as atrocidades foi erigido em Berlim, o MEMORIAL AOS JUDEUS MORTOS DA EUROPA ou MUSEU DO HOLOCAUSTO, que levou dez anos para ser maturado e planejado, como a obra exigia. Assim em 1999 foi aprovado o projeto do americano Peter Eisenman. As obras foram completadas no final de 2003, porém sua inauguração foi programada para 10 de maio do ano seguinte, quando se festejariam os 60 anos do final da grande guerra.
Entre o Portão de Brandemburgo e a Potsdamer Platz, , com vista do Tiergarten, numa área de 19000 m2  foram assentados 2700 colunas  retangulares, de tamanhos variados , escuros , postos lado a lado e que lembram jazigos. Pela Wikipedia a idéia do autor era que os blocos fossem  desenhados para produzir uma intranqüilidade, um clima de confusão e a escultura toda ajudando a representar um sistema supostamente ordenado e que perdeu o contato com a razão humana."  Na verdade, lembra um cemitério ao comum dos mortais.   É um lugar solene e triste.  No subsolo , abaixo dessas obras, localiza-se um centro de informações, com dados concretos das vítimas do genocídio, que estiveram em campos de concentração e de trabalhos forçados sob o jugo do Terceiro Reich. `
Nas proximidades, modestamente,  foi erigido outro monumento dedicado aos homossexuais também objeto das perseguições nazistas. Trata-se de um único bloco, similar aos anteriormente  descritos  e com um visor que permite ver fugazmente as figuras de dois homens se beijando.  
O monumento aos ciganos está no Tiergarten, próximo ao Portão e ao Reischtag, como já informado na postagem anterior.
                                                   
                        TOPOGRAFIA DO TERROR
foto de www.germany.info (free images)

 É um centro de documentação e exposição situado no centro de Berlim,  na Niederkirchnerstrasse, 8, próximo a outras atrações como o Portão, a Potsdamer Platz e o Check Point Charlie.  Naquele local estava instalado o quartel general da GESTAPO, a sede das SS e o Escritório Central de Segurança do Terceiro Reich. Tendo sido destruído pelos bombardeios durante a guerra, sobrou espaço para nele ser implantado  o Centro de Documentação. Contudo as escavações expuseram os porões dos prédios e os seus muros hoje  servem para sustentar os painéis com  fotos e posters. Muito bem estruturado o museu conta a ascenção e queda do regime nazista e atesta  a ideologia que o levou a matar pessoas inocentes e desprotegidas, por não atingirem os ideais de estética ou comportamento ditadas pelos conceitos nazistas.  Os seus cuidadosos organizadores coletaram fotos, jornais e até áudios de época (estes podem ser ouvidos em alemão e inglês) e é uma prova viva dos fatos narrados e as vezes negados por algumas pessoas. Ali podem ser vistos enforcamentos,assassinatos a queima roupa,  a raspagem dos cabelos de mulheres e o seu desfile para as câmaras de gás, e outras atrocidades. Daquele local partiram as instruções para que os fatos documentados fartamente,  se realizassem, sem dó nem piedade. Os organizadores também trataram do pós guerra e da divisão da cidade, assim como todas as suas implicações. 
Coincidentemente, sobre a área da antiga Gestapo foi erguido o MURO, É a parte mais longa ainda mantida em pé e encontra-se acima das estruturas hoje expostas do que foi a Central de Guerra do Regime Hitlerista. 
O ingresso é livre e as visitas podem ocorrer entre as 10  e  às 20 horas.                                                   



                   MURO DE BERLIM

Com a divisão da cidade após a guerra, as cabeças pensantes de Berlim Oriental arquitetaram a divisão da cidade. Primeiramente erguendo cercas de arame farpado, que com o correr dos anos foram sendo fortificadas para evitar a evasão dos cidadãos do lado leste para o oeste, sob o jugo da União Soviética e das forças do Pacto de Varsóvia. Avenidas e  linhas de trem foram interrompidas. Certas estações de trem que ficavam do lado oriental foram emparedadas para não permitirem contato de qualquer espécie, sequer visual. O povo as chamava de estações fantasmas. Bairros foram partidos abruptamente,separando os vizinhos, amigos e parentes.Foram erigidos 107 km de paredes isolando os dois lados e mais 65 km de cercas de metal.   Conta-se que em determinados pontos a vigilância era redobrada pela existência das duas barreiras. Como é sabido isto não foi o suficiente para desencorajar algumas pessoas que acabaram perdendo a vida na tentativa ou de pular uma janela ou mesmo galgar e projetar-se do muro de 4 metros, que estava sob  severa vigilância policial. A cruel muralha veio ao chão, mas existem 13 locais da cidade em que trechos estão em pé como forma de lembrança de tamanha estupidez. Parece que não tem sido suficiente o exemplo, uma vez que ao redor do mundo,  em alguns países,  ainda se vê a mesma iniciativa. Os locais de reminiscência criados pelo Senado Alemão para memória dos eventos,  são em numero de 8: no Mauerpark, no Nordbahngelände na  Bernauer Strasse (que ficou muito famoso pelas janelas onde as pessoas procuravam fugir), no Invalidenpark, no Tränenpalast na frente da Estação Ferroviária Friedrischstrasse, no Reichstag, na Nierderkirchenerstrasse, no Checkpoint Charlie  e na East-Side-Gallery.
Corremos vários destes trechos. Na Bernauer Strasse é possível subir numa torre à frente das antigas guaritas, local que se mantém intacto, como no tempo da dominação.

 Ali está instalado  também um Centro de Visitantes, para informações e um centro de documentação. Na Capela da Reconciliação são rezadas missas e citados os nomes dos que foram  mortos, na tentativa de se evadir da tirania a que estavam submetidos.
No CheckPoint Charlie vende-se  o "visto" do posto de fronteira para constar no seu passaporte. Ali era o ponto onde havia uma conexão entre as duas partes da cidade, sendo contudo acesso apenas para autorizados  e diplomatas.Na minha recente passagem pela Alemanha, o Polícial de Fronteira achou estranho aquele carimbo no meu passaporte e comentou com o colega. Eu fiz a melhor cara 32 e fingi que não entendi
O East-Side-Gallery é o local em que o muro foi tomado pelos artistas de rua e se encontra grafitado, num colorido que procura afastar as sinistras lembranças do passado, não tão remoto assim.
O memorial do muro de Berlim recorda esse trágico período.

Naquele local vê-se a formosa Ponte Oberbaum. 


 DEIXANDO DE LADO A PARTE QUE RELEMBRA TEMPOS OBSCUROS, PASSEMOS A UMA ATRAÇÃO IMPERDÍVEL

                    CASTELO SHLOSS CHARLOTTENBURG
Castelo Schloss Charlottemburg


Quando foi construído o Castelo atendeu aos desejos da nobre proprietária Sophie Charlotte de Brandeburgo, no século XVII. Ela idealizou um Castelo de verão, distante da cidade. Hoje o complexo de construção e jardins foi abraçado pela Cidade. Uma nota  triste nessa história, que poderia ser de contos de fadas, foi que Sophie faleceu sem vê-lo concluído.  As suas obras prolongaram-se até o século XIX. Justifica-se que tenha levado tanto tempo, pois trata-se de um prédio enorme, com belíssimos jardins, bosques, alamedas e lagos.Um dos prédios que chama a atenção é o Belvedere, construído a um canto dos jardins e que funcionou como casa de chá, mas hoje abriga a coleção de porcelanas reais e berlinenses dos séculos XVIII e XIX. Uma outra obra construída nos anos 1810, 1812 e que chama a atenção, é o mausoléu dos Reis Francisco Guilherme III e sua Luise e do Imperador Guilherme I e da Imperatriz Augusta.  Internamente o Palácio também encanta os visitantes, com salas e salões ricamente ornamentados. Lá é possível assistir espetáculos musicais, de danças e músicas típicas e clássicas. Acompanhado de jantar ou não. Mas assegure-se de que tem uma condução fácil porque é meio distante para procurar transporte após o término dos espetáculos. O endereço é Spandauer Damm, 20 - 24.  
Há muitas coisas ainda a ver em Berlim. Se tiver mais tempo vá a vizinha  cidade de Potsdam. Um encanto. Lá poderá visitar o Castelo Sansoussi,com seus vinhedos, o seu salão de mármore, a biblioteca, os quartos. Coisas de colorir a alma.   Mas não é só este o castelo que irá encantar. Existem vários, cada um mais lindo que o outro (O Palácio de Mármore, o Castelo de Babelsberg, o Castelo Cecilienhof) Este último com apenas .... 176 quartos. 
Bem era isto que queria falar de Berlim, porque não vi mais do que relatei. Pra apreciar mais museus e monumentos é preciso ficar pelo menos uma semana e nós ficamos apenas 4 dias. Mas deu para ver o essencial e o gostinho de quero mais vai incentivar nova viagem, tenho certeza. Até breve! 


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